#ViagemAcessível: a imagem mostra parte da fachada de uma das clássicas casas do centro histórico de Paraty, com a parede pintada de branco e as janelas e portas coloridas — esta em verde — , decorada com as bandeirinhas que indicam as casas parceiras da FLIP.

A FLIP para iniciantes

Dicas de Paraty em dias de Festa

Ligia Thomaz Vieira Leite
Revista Passaporte
Published in
7 min readJul 23, 2019

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Eu nunca tinha ido à FLIP. E, pra ser sincera, não estava nem um pouco animada para ter minha primeira vez logo nesse ano. Parecia que o fim de período e as coisas da vida que tanto se acumularam ao longo do semestre pediam — ou melhor, imploravam — por aqueles quatro dias em casa. Ainda bem que eu já estava com tudo comprado.

Foram quase cinco horas de viagem de carro saindo do Rio. De carona, pra ser exata. De ressaca, ainda por cima. Mas quem tem amigos tem tudo, e a viagem acabou passando bem mais rápido que o previsto. Dos cinco ocupantes do Golf que nos transportava, apenas dois — eu e meu namorado — seguiam para sua primeira FLIP. Os demais tinham o costume de ir todo ano e já tinham se organizado para selecionar as mesas que assistiriam e, aos poucos, foram nos animando.

Chegando lá, não demorou muito até que eu percebesse que a Festa realmente é, como nos disse a cunhada do meu namorado: o carnaval dos intelectuais. E que eu percebesse que efetivamente estava no meu lugar.

Esse post, então, é um compilado de dicas, alegrias e tristezas de alguém que quase desistiu da FLIP, mas voltou pro Rio com gostinho de quero mais, ansiosa para o próximo ano.

Antes de ir

A FLIP é um dos eventos que mais movimentam Paraty ao longo do ano, então é importante se programar.

Hospedagem

Como um casal de universitários, nossas opções de hospedagem na cidade eram bem limitadas, já que nessa época tudo fica bem caro, então fizemos nossas reservas no início de maio — e muitos lugares já estavam esgotados. Reservamos o Backpackers House Paraty de quinta a domingo e, no total, pagamos R$280,00 cada por uma suíte privativa. Haviam opções mais baratas em quartos compartilhados ou, como fizeram nossos amigos, dividindo uma casa com bastante gente pelo Airbnb, mas esta foi a que melhor nos atendeu.

#ViagemAcessível: a foto mostra uma vista panorâmica da área externa do hostel Backpackers House em Paraty, com redes individuais em volta da piscina à esquerda, a entrada do hostel e sua varanda no meio e a porta da rua à direita.

O hostel, como acabamos definindo, era um hostel sulamericano médio de cidade praiana: staff simpático de diversos lugares da América Latina, piscina não tão grande, várias redes no espaço compartilhado, um terraço bem fofo e um quarto condizente com o esperado. Eles também no forneceram toalhas e roupas de cama — bem cheirosas — e um chuveiro elétrico quentinho, além de um café da manhã regular. O grande destaque foi a localização; por ser muito próximo ao centro histórico, onde se dão as festividades, podíamos voltar para "casa" à tarde a fim de trocar de roupa ou tomar um banho, caso tivéssemos tempo livre. Tudo o que precisávamos.

Deslocamento

Ponto chave para qualquer viajante, o transporte de ida e volta de Paraty é feito — tendo o Rio como origem — por somente uma empresa de ônibus; que abre só abre as vendas de julho com um ou dois meses de antecedência. Aos que não têm carro ou não dirigem — como é o meu caso — é fundamental ficar atento às datas de abertura das vendas, já que as passagens se esgotam muito rápido.

Nós demos sorte e conseguimos carona com um amigo, então não olhamos isso muito a fundo, mas quando pensamos em voltar um pouco antes do resto do grupo, na semana da Festa, já não haviam mais passagens de volta disponíveis. Então, sério mesmo, fiquem atentos às passagens.

De carro, a viagem é bem tranquila e a estrada relativamente bem cuidada. Passamos sem grandes problemas. A única questão é que as paradas não são muito frequentes, então não deixe para parar de última hora, porque pode levar um bom tempo até que apareça o próximo posto ou lanchonete de beira de estrada.

Em Paraty, o ideal é se hospedar perto do centro histórico, para não precisar de carro para se deslocar, mas caso necessite, a cidade possui serviços de taxi e moto-taxi que podem te levar até o burburinho da FLIP. Também é possível se movimentar de carro, mas eu não indicaria, já que, quanto mais próximo ao centro, mais raras as vagas.

Em Paraty

Alimentação

Paraty tem comida para todos os gostos, mas um serviço que deixa muito a desejar para os clientes provenientes de cidades grandes como Rio e São Paulo. Outra dica importante, especialmente para os viajantes de baixo custo é que é difícil comer barato no centro histórico e que vale sair para comer nas redondezas da rodoviária, ou mesmo cozinhar no hostel, se não quiser gastar muito.

#ViagemAcessível: A foto mostra uma sopa de abóbora com shimeji e broto de beterraba, servida de entrada no menu do restaurante Bartholomeu, por R$30. Foto postada originalmente no instagram @pracomernorio.

Com isso em mente, seguem aqui algumas dicas de restaurantes que visitamos por lá:

  • Restaurante Casadinho: começando pelo mais barato, o Casadinho fica na esquina do Backpackers House e serve um bom PF por a partir de R$12, com opção vegetariana (com ovo). É o único dessa lista que não fica no centro histórico.
  • Celeiro Armazém Tropical: com pratos de R$28, R$36 e R$48, o Celeiro serve para todos os gostos, contando também com variadas opções vegetarianas. Comida bem servida a um preço honesto.
  • Van Gogh Hamburgueria: o melhor serviço que tivemos em toda nossa estadia em Paraty, além de hambúrgueres deliciosos (incluindo duas opções vegetarianas), com preços entre R$28 e R$40. Serve cerveja artesanal e, às vezes, tem música ao vivo.
  • Café Pingado: um bom lugar para lanchar, especialmente se você só quer forrar o estômago antes de uma ou outra mesa. Os sanduíches variam entre R$11 e R$23, então pode ser uma boa opção para quem não quer gastar muito.
#ViagemAcessível: a foto mostra o interior de um Bombom da Maga. Este era de coco com exterior de chocolate ao leite. Foto postada originalmente no instagram @pracomernorio.
  • Bartholomeu: restaurante delicioso, porém caro. Tem opções vegetarianas e porções muito bem servidas, além de um ambiente super aconchegante. Vale a pena para quem está disposto a gastar um pouco mais.
  • Punto DiVino: também indicado para aqueles dispostos a gastar um pouco mais, o Punto DiVino é o restaurante favorito da minha cunhada em Paraty. Servem pizzas maravilhosas e um carpaccio de polvo do qual ouvi maravilhas, mas que não cheguei a tempo para comer.
  • Bombom da Maga: esse nem é restaurante, mas não podia ficar de fora! Servem alguns dos melhores doces que já comi, cobrando R$5 pelo bombom. Vale a pena provar!

As mesas — como escolher?

A primeira dica para FLIPeiros (?) de primeira viagem é o site paraty.com.br que costuma compartilhar a programação completa da FLIP (oficial e não oficial). É uma boa ferramenta para ajudar na organização de seus dias por lá. Nós olhávamos por data antes de dormir e pensávamos nosso dia seguinte, já que não tínhamos comprado ingresso para nenhuma mesa da programação oficial.

Outro ponto importante é esse: a programação oficial é muito interessante, mas a não-oficial tem sido tão interessante quanto. Nesse ano, tivemos Ruy Castro, Heloísa Seixas, Djamila Ribeiro, Antonio Prata, Sérgio Rodrigues, Conceição Evaristo, Grada Kilomba, Nina George e muitos outros autores de renome falando nas mesas não-oficiais. A dica, portanto, é que você não desanime se não conseguir comprar ingresso para a mesa com seu autor ou autora favorite e que tenha atenção à programação não-oficial para tentar encontrar ele ou ela em outra mesa.

#ViagemAcessível: As ruas da cidade, com as tradicionais casas brancas de portas e janelas coloridas, decoradas com as bandeirolas comemorativas da FLIP.

A quantidade de pessoas também é um fator importante. O evento é grande, de modo que formam-se filas. Preste atenção para chegar com antecedência nas mesas de seus favoritos e não acabar ficando de fora — como aconteceu comigo em todas as mesas que tentei assistir às falas da Conceição Evaristo.

Também é importante lembrar que a FLIP surpreende, então vale deixar um tempinho livre para vagar pela cidade, visitar as casas e — quem sabe? — conhecer um autor novo.

Domingo — o que fazer?

No domingo, as mesas da programação oficial terminam cedo, e a maioria das casas já começam a encerrar seus trabalhos antes do horário de almoço. A cidade costuma estar cheia e os restaurantes com filas.

Duas são as opções possíveis: (i) tentar um lugar nas concorridas mesas — nesse ano, conseguimos assistir, sem que tivéssemos nos programado, a uma fala de Martinho da Vila na Casa Paratodxs — e visitar as casas que não teve tempo de ver nos demais dias — algumas, inclusive, com diversos livros em promoção — ou; (ii) fazer um passeio de barco pelas praias paradisíacas de Paraty — opção de nossos amigos, que adoraram a visita ao Saco do Mamanguá. Ambas as opções têm seus prós e contras e a que melhor vai atender as suas necessidades vai depender muito do seu perfil e do de quem te acompanha.

Diquinhas extras

Nesse ano, a FLIP aconteceu entre os dias 10 e 14 de julho e, apesar das noites frias, os dias estavam bem quentes. Vale olhar a previsão do tempo antes de ir para não cometer o mesmo erro que eu e morrer de calor em uma roupa muito pouco adequada para o sol.

A FLIP encanta por ser um ambiente de encontro, debate e aprendizado. Indicado para pessoas de todas as idades e gostos, a Festa é incrível e vai te encantar também!

#ViagemAcessível: a imagem mostra o entardecer em Paraty, com as tradicionais casinhas do lado direito, uma palmeira do lado esquerdo e a lua no centro.

Todas as fotos utilizadas neste texto são de minha autoria e você pode ver mais no meu instagram ou no @pracomernorio, conta em que eu e Gabriel Graf falamos de comidas e restaurantes pelo Brasil afora.

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