Sexta-feira. 10 horas da manhã. Há alguns anos atrás, eu certamente estaria em um único possível lugar: Em uma cadeira que não minha, trabalhando de jeito, lugar e horário que eu não escolhi.
Há alguns anos atrás, tudo era impossível.
Sexta-feira. 10 horas da manhã. Fechei o computador. Era maré baixa. Equipamos a moto e fomos em busca delas. Das benditas ondas.
Um daqueles momentos modestos e de tanta liberdade, que já de tão corriqueiros, nos custa lembrar que vivemos em um sonho.
E este meu sonho não se realizou do dia para noite. Apesar de eu acreditar, com unhas e dentes, que todos precisamos de grandes marcos e de suas adolescentes rupturas.
Foi uma série na cabeça de micro e macro decisões que me trouxeram até aqui. Brilhantemente, na Indonésia.
Muitos nãos. Um certo sim ali. Muitas decisões arriscadas. Para alguns, irresponsavelmente, imaturas. E uma só vida para viver.
Porque para viver coisas incríveis, é preciso tomar decisões fortes.
Então, resolvi, com força, desaprender.
Resolvi desaprender aquele paradigma que anos de evolução e genética me repassaram. O paradigma que me fez acreditar que eu devia ser medíocre.
Decidi mudar a minha identidade, tal qual a conhecia.
Decidi que eu iria viver em meu melhor estado de felicidade. Parei de olhar dinheiro como inimigo. E a riqueza das pessoas como egoísmo.
Parei de ler notícias que me traziam raiva. Notícias que me transformavam cada vez mais em uma pessoa mais informada. Informada, porém infeliz.
Parei de acreditar que viver na revista era impossível. Parei de acreditar que estar na cadeira da empresa era a única maneira de sobreviver.
Existem muitos outros caminhos possíveis. O problema é que não os conhecemos. De fato, os damos por impossíveis.
Mas existe uma realidade onde a sexta-feira é só mais um dia.
Existe uma realidade em que quem não pode esperar são as ondas.
