Se chorei ou se sorri (…)
Sabe aquela música que te traz um caminhão de lembranças? Pois é, acho que Sydney vai ser sempre uma trilha sonora cheia de significado. Vai ser sempre o cenário colorido daquela vez que a minha vida virou de cabeça pra baixo. Ou pra cima, ainda não sei bem.
Foi assim, com praia pra todo lado, que mudei todos os meu status.
De committed pra single.
De manager pra labor.
De close to open.
Sim, terminei meu relacionamento. Sozinha, do outro lado do mundo. Difícil. Mas se o que não mata fortalece, depois dessa virei o Mike Tyson nos seus áureos tempos.
Trabalhei em restaurante. Lavei louça (muita!), cortei cebola, servi café e ouvi grito de gente que nunca na vida se preocupou em entender um pouquinho mais sobre pessoas.
Foram muitas reviravoltas e, com isso, muitos aprendizados. Mas de todos eles, prestar mais atenção e me abrir pra quem está a minha volta foi, sem dúvida, o mais valioso. Não dá pra prever nem quando nem onde você vai conhecer alguém incrível. E se você não estiver disponível, isso passa e você perde.
A Chau, minha ex-chefe vietnamita, é uma dessas pessoas. Não acho que foi por acaso que fui trabalhar naquele Café. Terminamos nossos relacionamentos no mesmo dia. E quem melhor para entender um coração ferido do que outra pessoa com o coração ferido?
Um dia, meio sem querer, concordei em sair para tomarmos um drink. Meu primeiro impulso foi pensar como daria uma desculpa para não comparecer. Mas aí pensei: por que não? Lembrei que se você não estiver disponível, a coisa passa e você perde.
Combinamos no lugar mais moderninho das Northern Beaches de Sydney. Ideia dela. Quando me viu, visivelmente emocionada, me confessou que era a primeira vez que saía sem o (ex) marido em 20 anos. Eu disse vin-te a-nos!
Fomos até o bar e pedi uma bebida. “O que você vai beber?”, perguntei. Esperando que a bebida ajudasse a aliviar o desconforto daquele encontro nada comum. E veio a segunda confissão: “Não sei. Nunca bebi álcool na vida. O que você recomenda?”.
Quatro Aperol Spritz depois, conversamos, nos conhecemos, demos risada, trocamos conselhos e mandamos a outra pro banheiro quando as lágrimas escorreram sem avisar.
Foi uma noite cheia de primeiras vezes pra nós duas. “Obrigada por fazer isso por mim”, me disse quando nos despedimos.
Austrália e Chau: obrigada por fazerem isso por mim. Nosso encontro foi improvável, mas aconteceu do jeitinho que deveria acontecer.