Sobre chegar lá

Luís de Magalhães
Revista Passaporte
Published in
2 min readJan 28, 2019
Pôr do Sol em Essaouira (Luís de Magalhães)

Lembro quando decidi ir para o Marrocos.

Estava fumando Narguile em um restaurante árabe em Granada, Espanha, com três canadenses que conheci no hostel.

(Uma dessas canadense se tornou minha esposa e parceira de perrengue posteriormente)

Lembro que, pesquisando, era possível, segundo blogs, “fazer tudo em 3 dias”.

Voar para Marrakesh, comprar um tour para o Saara e voltar.

Se eu tivesse feito isso, não teria cruzado o estreito de Gibraltar (o azul do mediterrâneo é algo único)

Não teria conhecido a tranquila e azul Chefchouen.

Não saberia que no norte do Marrocos o espanhol é a segunda língua (embora não seja, oficialmente).

Também não saberia que islâmicos rezam impreterivelmente nos horários. Mesmo depois de 10 horas de viagem em um ônibus todo escuro com algumas galinhas.

Não teria me irritado com o assédio dos comerciantes ruas da histórica Fez.

Não teria sido extorquirdo por um pseudo-taxista em Merzouga.

Não teria participado de um típico casamento marroquino no meio do Deserto do Saara.

Não teria andado de camelo no Deserto do Saara.

Não teria surfado no mar da calma Essaouira.

Não teria comprado cerveja de traficantes em pleno Natal.

Não saberia que é proibido beber álcool na maioria dos países islâmicos.

Quantas histórias eu não teria.

Viajar é sobre o que você passa no caminho.

Realmente, chegar lá é só um detalhe.

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