Sobre estar sozinha

Aprendendo a apreciar momentos de solidão

Regiane Folter
Revista Passaporte

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Photo by Billy Huynh on Unsplash

Minha família acha que seria difícil para mim viver sozinha. Eles pensam que não sei estar só. É verdade que eu nunca estive muito tempo só, nunca morei sozinha por exemplo. Eu saí da casa da minha mãe pra viver com amigas na faculdade, pra viver com colegas de trabalho no Uruguai, pra morar com meu companheiro, com quem vivo há quatro anos. A essa altura, provavelmente eu nunca vou viver sozinha por escolha.

Mas fiz e faço outras coisas sozinha. Viajei sozinha, e muito. Foram as experiências nas quais eu me senti mais distante de tudo que conhecia e amava. Cresci muito com cada uma delas. Depois, no meu dia a dia faço várias coisas sem ninguém ao meu lado. Escrever é um ato super solitário, não é isso que dizem? Eu escrevo quase todos os dias e sempre sozinha. Embora eu compartilhe tudo que escrevo com o mundo, não mostro tanto o processo da escrita, o durante. Às vezes eu gostaria de compartilhar mais os meus durantes. Às vezes, sentada no terraço de casa em um dia de sol maravilhoso, olhando um céu azul azul, eu queria que alguém estivesse aqui pra bater papo, compartilhar o mate, sei lá. Ou até pra não falar nada, mas só sentir o prazer de estar vivos num lugar lindo. E com calor. Finalmente faz calor em Montevidéu.

Mas enquanto escrevo esse texto, ainda é muito cedo. Meu amor está dormindo, todas as pessoas importantes para mim estão longe e uma chamada pelo whatsapp não me atrai muito nesse momento.

Minha conclusão é a seguinte: posso estar sozinha sim, mesmo que nem sempre queira. Mesmo que nem sempre possa. Estou aprendendo a lidar com isso, a encontrar alegria em estar sozinha e fazer as coisas que gosto mesmo sem ninguém por perto. Sem depender de alguém mais pra fazer o que eu quero e aproveitar desses pequenos momentos de solidão.

Até porque, mesmo sozinha, estou sempre acompanhada de mim mesma. Dependendo do dia, do humor ou dos astros, posso ser muitas em uma só. Colegas geminianos entenderão! Mas deixemos de lado essas reflexões de domingo pela manhã. Vou abrir meu livro, tomar outro gole desse suco de laranja, esticar as pernas e aproveitar que daqui a pouco a casa acorda e nada mais será tão suave como esse momento entre eu e eu.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

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Regiane Folter
Revista Passaporte

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