O projeto de organização de trackings na Passei Direto e os principais aprendizados
O que são trackings?
O tracking é uma prática utilizada por praticamente todas empresas que desenvolvem produtos digitais. Basicamente refere-se ao processo de coleta, armazenagem e disponibilização de dados do comportamento do usuário.
Com a permissão de quem visita o seu site e a utilização de ferramentas, é viável registrar todas as interações de cada visitante com o seu app/ website.
Cada clique, like, visualização ou rolagem em uma página… todas essas interações podem ser armazenadas na forma de um “evento” que, por sua vez, é associado a uma “sessão do usuário”.
O valor de trackings para o negócio
Os trackings são a base para a análise de dados que, por sua vez, direcionam tomadas de decisão.
Mas, conforme a escala do negócio, esse processo pode se tornar bastante custoso. E, por isso, é necessário uma boa gestão.
Garantir um processo bem definido para trackings viabiliza:
1- Maior confiabilidade e integridade dos dados;
2- Maior agilidade na tomada de decisão com base nos dados;
3- Maior controle dos custos — que podem escalar muito rapidamente.
Quais ferramentas utilizamos?
Existem várias ferramentas no mercado que viabilizam e facilitam esse processo.
No nosso caso, utilizamos o Google Analytics, o Localytics, o Firebase e uma ferramenta desenvolvida internamente denominada PDLytics.
Elas são complementares, dados que cada uma serve para um propósito diferente.
Quando o problema da desorganização surgiu?
No inicio da Passei Direto, todos estávamos no mesmo escritório e as informações dos trackings ficavam facilmente acessíveis a partir do “toque no ombro” dos Product Managers (PMs).
A partir de 2019, com o time de Produto e Tecnologia crescendo rápido e várias pessoas novas entrando na empresa, a necessidade de organizar melhor esse processo surgiu.
As pessoas já não sabiam se precisavam criar um evento novo ou se ele já existia em alguma das nossas ferramentas. Cada squad seguia o seu próprio padrão e racional para o disparo de eventos e, dessa forma, começamos a perder muito tempo para realizar qualquer análise só tentando entender o que significava cada tracking.
E, por fim, com os milhões de visitas no nosso Website e 3MM de usuários mensais ativos, os custos com trackings também começaram a escalar.
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O projeto de organização do Localytics
O primeiro desafio que recebi ao entrar aqui na Passei Direto em 2019 foi organizar os trackings da ferramenta para trackings de usuários logados -o Localytics.
De forma geral, essas foram as etapas que seguimos ao longo do projeto:
1- Mapeamento do problema e dos aprendizados
A primeira etapa foi escutar todo mundo que compreendia o problema com muita atenção.
Agendei entrevistas com PMs, TMs e principais stakeholders para fazer o diagnóstico completo, entender o que já haviam feito pra tentar resolver e o que aprenderam.
Depois de uma dezena de entrevistas, consegui descobrir quais eram de fato eram as causas-raiz do problema.
2- A busca de referências
A Maíra e o Vini, os PMs mais experientes daqui, trouxeram aprendizados de outras empresas que já serviram para direcionar a solução. Além disso, me colocaram também em contato com pessoas que pudessem me ajudar.
A conversa com o Louis, contato da Maíra, foi excelente! Ele me explicou com detalhes como conduziam esse processo na OLX, quais foram as principais dificuldades e o que teria feito de diferente.
A Solução
3- A definição do padrão
Nós já tínhamos uma orientação de padrão de nomenclatura desenvolvida por uma das squads.
Além disso, também tínhamos vários aprendizados do nosso COO para direcionar como criar um evento.
O meu papel nessa etapa foi simplesmente documentar todos esses aprendizados e compartilhar com os stakeholders para escutar feedbacks e adaptar conforme os pontos trazidos por eles.
Ao final, a entrega foi essa página no Notion (nossa ferramenta interna de documentação) onde detalhamos as diretrizes gerais e o padrão:
4- A documentação e organização do “legado”
Eram mais 150 eventos para documentar. Cada um com pelo menos 10 atributos.
Eu não sabia em que momento era disparado cada evento e sabia que daria um trabalho gigante ajustar o legado. Compartilhei o desafio com o grupo de PMs e TMs e chegamos juntos num consenso:
1- Dividiríamos o trabalho entre as squads
2- Não ajustaríamos o legado para o novo padrão de nomenclatura porque não valia o esforço
3- Construiríamos a documentação básica e nos comprometemos a responder 3 perguntas mais críticas:
- “Em que momento esse evento é disparado?”
- “Esse evento pode ser deletado?”
- “Quais atributos desse evento estão válidos e sendo de fato utilizados?”
O meu papel nessa etapa foi organizar uma página no Notion para a documentação, definir um template, segmentar os eventos entre às Squad e direcionar as “fases” para a documentando do legado.
5- A organização do processo
O último passo foi desenhar um processo para garantir que os problemas não iriam se repetir.
Com o objetivo de oferecer autonomia para cada Squad e garantir o alinhamento, desenhamos esse processo e documentamos as diretrizes para criação de novos trackings:
6- A implementação
O ponto-chave para o engajamento foi a construção colaborativa desde o início do projeto.
Os PMs e Tech Managers (TMs) participaram da resolução. Como eles entenderam o porquê estávamos trabalhando naquele desafio e tiveram voz ativa desde o início, o engajamento foi natural.
Utilizamos os checkpoints semanais para compartilhar as entregas parciais, incorporar os feedbacks e discutir os próximos passos.
Os resultados alcançados
Com o processo e as documentações organizadas, as análises se tornaram muito mais ágeis!
Além disso, passamos a utilizar a ferramenta da maneira correta evitando erros repetidos do passado.
Ao final do processo, conseguimos identificar oportunidades para redução de datapoints e, consequentemente, conseguimos reduzir 18% dos custos totais.
Os principais aprendizados
Foi um projeto complexo que envolveu todas as squads, mas ficamos bem felizes com o resultado final!
Aprendi muito ao longo da execução e essas foram as principais lições:
1- Antes de partir para solução, entenda o problema com profundidade
- Nao se desespere quando receber um desafio que nem sabe por onde começar
- Escute as pessoas com atenção
- Busque quebrar os problemas e identificar quais são as causas e quais são as consequências
2- Envolva os principais stakeholders desde o início
- Realize um bom mapeamento dos stakeholders e envolva as pessoas na construção da solução
- Permita que os principais envolvidos participem trazendo feedbacks constantes
- Quando não fizer sentido incorporar um feedback, comunique com clareza o porquê
3- Priorize soluções simples e que agregam mais valor
- Busque transformar em padrão aquilo que já funciona muito bem em determinada squad/ área
- Foque no que é essencial primeiro
- Elimine do escopo o que exige um alto esforço e entrega pouco valor
4- Divida os resultados com o time
- Compartilhe as entregas parciais
- Ao final, comunique para todos envolvidos os resultados que alcançaram juntos
5- Evolua continuamente o processo
- Garanta que as pessoas novas que entrem tenham o conhecimento
- Dê sempre espaço para feedbacks e melhorias
- Defina um owner e guardião responsável pelas diretrizes de cada ferramenta compartilhada
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Enfim, esse foi um resumo de como organizamos os trackings do Localytics aqui na Passei Direto e os principais aprendizados desse projeto.
Espero que ajude quem estiver enfrentando desafios similares :)