Self Service BI: uma jornada para times mais autônomos em relação a Dados

Bianca Nassif
Passei Direto Product and Engineering
7 min readJan 20, 2021

O que é BI?

Business Intelligence (BI) nada mais é que o processo estruturado de coleta, integração e análise de dados para suportar melhores decisões de negócio.

O que é Business Intelligence? (Fonte: Gartner)

BI é o primeiro passo fundamental para qualquer empresa que quer se tornar mais data-driven, dado que é impossível avançar em análises preditivas e complexas sem antes compreender muito bem o histórico.

Reports automatizados, análises pontuais e dashboards de monitorameto são alguns exemplos de “produtos de BI”.

O desafio na Passei Direto

Cheguei aqui em outubro/2019 para ser Data PM com a missão de extrair o máximo de valor dos nossos dados.

Parte do meu escopo é gerenciar o backlog do time de Dados.

Assim que cheguei, abri nosso Trello, vi a quantidade de demandas e me assustei: dezenas de cards de áreas completamente distintas aguardavam meses na fila para serem executados.

Nessa época, nosso time era composto por apenas 3 pessoas além de mim: 1 líder técnico/engenheiro e 2 cientistas de dados.

Ainda que triplicássemos o time e dobrássemos nossa produtividade, não seríamos capazes de atender toda a demanda em um prazo razoável.

Logo, pensamos em dar autonomia para que os outros times pudessem executar demandas que fossem mais simples de forma independente.

Só que todo o conhecimento em relação às métricas, tabelas e ferramentas restringia-se a poucas pessoas da empresa e praticamente nada era documentado.

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O processo de discovery

Fase 1: Entendo o problema mais a fundo

O desafio era grande e, por isso, resolvemos mergulhar mais a fundo para entender melhor quais eram as principais necessidades dos nossos clientes internos antes de pensar na solução. Fizemos 3 análises complementares:

Análise do backlog

Utilizarmos a ferramenta Corrello para extrair insights e métricas do Trello e identificamos que:

  • Mais de 80% das demandas de outras áreas referiam-se a demandas simples de BI: consultas para análises pontuais, construção de novos dashboards ou alterações em gráficos de acompanhamento.
  • Desde a solicitação até a entrega, 85% dos cards de 2019 levaram até 85 dias para serem executados, sendo o tempo real de execução inferior a 6 dias.

Com essa análise, confirmamos nossa hipótese de que as demandas eram relativamente simples e o gargalo realmente estava no nosso backlog.

Análise das ferramentas utilizadas

Na época, utilizávamos principalmente 3 ferramentas de BI:

  • Athena: para consulta ao nosso data lake
  • Google Sheets: para reports e construção da base de dados para visualização
  • Klipfolio: para construção e visualização de dashboards

O Klipfolio tem um custo baixo, mas como não oferece uma integração nativa ao Athena, o processo de automação de qualquer acompanhamento nessa ferramenta envolvia o desenvolvimento de um job.

Etapas para construção de dashboards antes da solução (Fonte: Elaboração Própria)

Com as ferramentas disponíveis, não conseguiríamos escalar o processo para pessoas que não tinham o know-how de programar — a maioria dos nossos clientes.

Pesquisa com os principais clientes internos

Por fim, fizemos um formulário com 6 perguntas rápidas para os líderes de cada área para ter um parâmetro objetivo em relação ao nível de autonomia, satisfação e necessidades dos times em relação a Dados.

Identificamos que, para se tornarem mais autônomos, 50% dos times sentiam a necessidade de realizar consultas de forma independente.

Esse era o nosso panorama geral em Março/20:

Auto-avaliação interna em relação à autonomia dos times (Fonte: Pesquisa interna)

Fase 2: Busca de referências no mercado

Com maior clareza do problema, seguimos então para a segunda fase do Discovery.

Nessa etapa, nós utilizamos como referência:

Além dessas fontes secundárias, nós também:

  • Conversamos com consultorias especializadas em BI;
  • Fizemos benchmarking com outras empresas (Quinto Andar e OLX)

Entender como outras empresas estavam resolvendo esse problema na prática fez toda a diferença. Eu, o líder técnico e a engenheira recém-contratada aprendemos muito nessas conversas.

Para aproveitar ao máximo , preparamos as perguntas a serem feitas nos benchmarkings e, posteriormente, documentamos os aprendizados para dividir o conhecimento com outras pessoas da companhia.

A solução

Depois do Discovery, quebramos o problema para o desenvolvimento das soluções em 3 frentes.

1- Documentação e governança em dados

Utilzamos o Notion (ferramenta que todos já tinham acesso) para documentar as principais métricas, tabelas e ferramentas de Dados.

1.1 — Documentação

Abaixo você pode conferir um exemplo de como organizamos melhor e evoluímos em relação à documentação:

Organização do Notion para Documentações

O Dicionário de métricas foi fundamental para garantir que todos times tivessem “falando a mesma língua” internamente.

Além disso, construir tabelas com as métricas já calculadas e disponibilizar as consultas no Dicionário de Métricas facilitou bastante o processo na construção de novas análises de forma independente.

1.2 — Governança

Outro ponto essencial para democratização dos dados foi estabelecer as diretrizes e processos adequados para utilização das ferramentas.

Estruturamos padrões para a nomenclatura das fontes de dados, dashboards e documentações. Estabelecemos regras e os limites na permissão de cada time para assegurar que nossos custos seriam controlados.

O suporte através do canal do slack #pd-dados também ajudou muito nesse processo rápido e colaborativo de validação de consultas para garantir que as conclusões com base nos dados estivessem corretas.

2- Implementação de uma nova ferramenta

2.1 — A avaliação de ferramentas de Self Service BI

Avaliamos e testamos 7 ferramentas diferentes ara escolher aquela que mais se enquadrava na nossa necessidade.

Escolhemos o Quicksight para substituir o Klipfolio. Os critérios que embasaram nossa decisão foram:

  • Integração nativa com o Athena
  • Avaliação dos clientes internos durante o piloto
  • Custo Total (implementação e manutenção)
  • Potencial de escalabilidade

Aprendemos que é essencial estabelecer poucos critérios mais críticos para embasar a decisão e não se perder com tanta informação

Envolver na decisão final o time de Dados (que vai implementar e manter a ferramenta) e representantes dos clientes internos (aqueles que vão utilizá-la) foi fundamental.

2.2 — O engajamento na mudança e a adoção do Quicksight

Os clientes internos mais engajados que nos ajudaram a escolher a melhor ferramenta foram os nossos principais embaixadores, incentivando outros times a aprenderem e começar a utilizar.

Para facilitar a adoção da ferramenta:

(1) criamos um vídeo de ‘onboarding

(2) oferecemos suporte no canal #pd-dados para qualquer dúvida

(3) escutamos atentamente a todos feedbacks para oferecer a melhor solução

Desde julho nós estamos trabalhamos nessa evangelização em relação a importância do Self Service BI.

O processo de adoção foi bastante gradual e nós comemoramos cada pequena conquista — no caso, cada novo painel(dash) publicado.

Adoção da ferramenta do Quicksight

Hoje, já temos mais de 20 dashboards publicados. 9 times diferentes utilizando o Quicksight e 95 pessoas (62% do total da Passei Direto) acompanhando mensalmente os dashboards lá construídos.

3- Suporte ao aprendizado e capacitação em Dados

Por fim, a última e mais importante frente que tem sido essencial nessa jornada é o preparo das pessoas para realizarem consultas, análises e construir dashboards com qualidade.

Todos Analistas e PMs aqui da Passei Direto devem saber o básico de análise de dados. Nesse sentido, nós de Dados:

(1) Criamos uma página no Notion com recomendações de cursos online para aprender SQL, Quicksight e sobre Análise de Dados;

(2) Compartilhamos noções básicas de estatísticas em treinamentos internos;

(3) Estruturamos vídeos para apresentar nossas ferramentas;

(4) Construímos um programa de mentoria em Dados;

(5) Ativamos o canal #pd-dados para compartilhar dicas e aprendizados na prática

Ainda temos muito a evoluir, mas é incrível ver a evolução que já tivemos em apenas 6 meses com essas iniciativas!

Os resultados

Agora, temos profissionais cada vez mais capacitados, seguros e aptos a analisar dados de forma independente. Como consequência, cada vez mais decisões baseadas em dados 😄

Depois de 6 de meses, essa foi a evolução que tivemos em relação à autonomia dos times:

Outra consequência positiva, foi que o time de Dados passou a ter muito mais tempo disponível para trabalhar em projetos de maior valor agregado.

O nível de satisfação com as entregas de Dados também aumentou 22% (a média saiu de 7.2 para 8.8).

Ainda estamos só no início dessa jornada e ainda temos muito a evoluir, mas ficamos muito felizes com os resultados até aqui alcançados.

Em resumo, esse foi o passo-a-passo da nossa jornada:

Self-Service BI — Projeto Passei Direto

E aí, como funciona na sua empresa? Você também enfrenta desafios similares? :)

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