23 horas em Sobral
Um breve relato de viagem para palestras de Storytelling, Branding e Design Thinking no III Workshop Temas Contemporâneos. Um passo no desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e startups em Sobral.
Na última quinta, 23 de abril, saímos de Fortaleza, eu e a Tatiana Lourenço, para participar do III Workshop Temas Contemporâneos na UVA — Universidade Estadual do Vale do Acaraú, em Sobral. Fomos convidados pelo Start Group, grupo formado por alunos de Administração, que visa difundir os conceitos e práticas para gestão de startups. Mas antes contar como foi nossa experiência por lá, quero falar um pouco de Sobral.
The Sobral City
SolBral, SunBrown ou United States of Sobral, rsrsrs… fica a 230Km da capital Fortaleza, e você chega lá pela BR-222. É uma cidade pitoresca dentro da cultura popular cearense. Conhecida intergalaticamente pelo seu forte calor, muitos dizem que é uma cidade de gente chique, e que pra se comunicar com o povo de lá, é preciso falar Inglês, rsrs… Já eu prefiro dizer que a cidade tem um povo que valoriza bastante seu lugar e suas origens.☺Confesso que fiquei surpreso com a placas de rua escritas em Inglês! hahaha…
Essa espécie de bairrismo talvez seja dada ao fato de que no século XVIII Sobral teve um grande destaque econômico, devido as charqueadas, chegando a superar Fortaleza. Sobral também foi uma grande intermediadora na distribuição de produtos agrícolas para o resto do estado e o vizinho, Piauí. Além disso, em 29 de maio de 1919, a cidade foi o local onde houve a confirmação da Teoria da Relatividade de Einstein! Naquele dia, apenas Sobral e a Ilha do Príncipe em São Tomé e Príncipe poderiam ver o eclipse solar que comprovaria a distorção que a luz sofre para chegar à terra, mas o mau tempo na ilha africana prejudicou os trabalhos da equipe, fazendo de Sobral um local perfeito para confirmação da Teoria. Para comemorar os 80 anos do evento, foi construído na cidade, em 1999, o Museu do Eclipse.
Com quase 200 mil habitantes, Sobral é a quinta maior cidade cearense, e tem a maior economia do interior do estado. A cidade se tornou o maior centro universitário do interior do Ceará, atraindo estudantes de diversas cidades do Ceará, principalmente da região norte do estado.
Foi lá que nós chegamos para trocar uma ideia sobre Branding, Storytelling e Design Thinking.
O caminho
Foram quase 3 horas de viagem até Sobral na companhia do Seu Odésio, motorista da UVA, que foi nos falando sobre sua vida de motorista, sua infância como vaqueiro ao lado do seu pai, e as histórias e coisas típicas de cada cidadezinha que passávamos. Para mim, que amo o lugar onde vivo, ver o sertão do Ceará verdinho, com chuva, e até os mandacurus fulôrando foi incrível. Sensação de alívio e muita felicidade. Nordeste véi lindo! ^^
O Workshop
A programação já tinha começado pela manhã, e chegando na Universidade de tarde, encontramos um auditório com gente de vários cursos como administração (a maioria), economia, letras, direito e psicologia. Nossa primeira missão foi falar sobre Storytelling e mostrar como essa técnica pode ser aplicada na gestão das empresas para gerar mais engajamento e valor de marca. Fizemos uma abordagem usando marcas locais e globais. Nosso objetivo era discutir como Branding é determinante na criação de empresas fortes e duradouras. O tema de Arquétipos foi um dos que causaram mais interação.
Claro, arquétipos sempre irão nos cativar já que fazem parte do inconsciente coletivo, além de nos envolvermos com eles para entender nosso próprio eu. Sobre storytelling, resumindo, devemos saber que ele sempre existiu, não é algo nem um pouco moderno, apenas está em alta falar sobre devido a era da ‘Economia da Atenção’ e serve como uma arma poderosa para atrair os seres humanos. E qual o porquê das histórias nos cativarem tanto? Antes de mais nada, não sabemos o fim da nossa própria história, logo, saber o decorrer e o fim de outras histórias nos dá um certo conforto de poder enxergar a conclusão de um enredo de outros.
Durante a noite, o tema foi Design Thinking. Reportando alguns cases mundiais, e outras técnicas para resolução de problemas. Há muito tempo vivemos em sociedades e trabalhamos em organizações que são cheias de problemas, mas que são ignorados e muitas vezes nem notados. Trazer a abordagem de design para identificá-los e trabalhá-los foi um dos desafios. É comum ouvir que a inovação é o futuro, que as empresas que não inovarem estão fadadas ao fracasso, que a inovação é isso, aquilo, inovação, inovação, inovação, inovação… Essa palavra se tornou um pouco chata pra mim, pela a abordagem excessiva que muita gente fala, e não usa, e se sim, com poucos resultados. No geral, parece que inovação se tornou uma coisa chata. Mas gosto muito dessa definição da Business Week:
O processo de inovação consiste em recriar modelos de negócio e construir mercados inteiramente novos, que vão ao encontro de necessidades humanas não atendidas, sobretudo para selecionar e executar as ideias certas, trazendo-as para o mercado em tempo recorde.
Daí eu já vi muita gente perguntar o que o design ter a ver com isso, ou dizer que o designer só vai ser útil pra “desenhar” a solução, o app, ou fazer os slides… Mas afinal, o que é Design Thinking? (o livro ai do lado é o melhor brasileiro que já li. Baixe grátis aqui) Apesar de design ser comumente associado à estética ou qualidade de um determinado produto, o design como disciplina tem por objetivo máximo promover bem-estar na vida das pessoas. Será problema, no ponto de vista de um designer, tudo aquilo que prejudica ou impede a experiência emocional, cognitiva e estética na vida das pessoas, em diversos aspectos como trabalho, lazer, relacionamentos, cultura, etc… Nesse ponto de vista, falamos muito sobre como as marcas poderiam melhorar seus relacionamentos com clientes e demais stakeholders, para fazer delas, ícones de desejo e símbolo de empresas sólidas.
Seguindo a programação, dividimos o tema com pitches de algumas startups locais e a apresentação do Leandro Vasconcelos sobre o Programa Corredores Digitais, que é promovido pelo governo do estado e visa estimular a criação de negócios em TIC.
Aprendizado
Uma das melhores coisas que pude perceber foi o engajamento do público, e as conversas antes e pós-evento. Essa mistura de gente falando de coisa boa é que faz a diferença no fim das contas.
Acredito muito em networking, em conhecer pessoas, em estabelecer ligações. Isso é primordial para o desenvolvimento de comunidades empreendedoras em qualquer lugar do mundo, pois permite novas conexões, mais gente se conhecendo, mais eventos, mais líderes, mais pessoas engajadas em diversas áreas. Esse workshop em Sobral, que aconteceu pela terceira vez, é mais um passo importante para o fortalecimento do ecossistema de lá. Muita gente foi impactada.
A galera de Sobral está dando seus passos, planejando os próximos, e tem gente boa para fazer isso em várias esferas da comunidade. Também acredito que o empreendedorismo é uma das chaves para mudar a realidade de um lugar e me sinto feliz de vê-los com garra na construção desse projeto, que certamente em alguns anos trará resultados incríveis em mais uma cidade do interior do país. Os laços estão criados, estamos juntos, e a ordem é seguir em frente.
Após 23 horas, voltamos para Fortaleza.
P.S.: Nessa vibe de construção de comunidades, trouxe esse texto do TechCrunch que eu havia favoritado há alguns meses: 12 Tips To Building A Successful Startup Community Where You Live. Dá uma lida aí.
Mais um post finalizado! yeeah! Obrigado a você que leu e chegou aqui comigo! ☺
Deixo aqui meu agradecimento ao Emanuel Melo por ter convidado a Terra Verde. Foi uma excelente experiência pra gente, Buu! E não deixo de fora um abraço pelo carinho e dedicação dos outros organizadores do evento como a Gabriela Romena, Tatiane Moreira, Edson Borges, Thiago André, e a Professora Sefisa Quixadá que está conduzindo de maneira incrível esse grupo, reunido em uma cultura de trabalho muito envolvente.
Keep walking, galera!
