O que não deu certo mesmo ?

Patrícia Stanquevisch
Patricia Stanquevisch
5 min readDec 17, 2016

Ontem fui ver uma peça de teatro, na qual meu filho é ator. Texto poderoso, de Peter Handke, chamado Autoacusação — A constituição do “eu” burguês. E achei sincrônico, porque estava ensaiando este artigo aqui. Entendam, tudo o que eu escrevo parte de uma experiência minha. Não é aleatório. Vem o tema, num certo dia, e ele vai sendo elaborado por mais dias. As coisas começam a acontecer até que ele esteja claro para mim. E a inspiração vem, com força e objetividade.

Lidei, há dias atrás, com um projeto, no qual eu nem me empenhei muito, por estar doente, mas dei uns pitacos. Um super projeto legal, colaborativo e compartilhado, com pessoas que eu não conhecia quase nada, mas que vi estarem entrando neste mundo da colaboração. Dentro de uma instituição, com regras que estavam sendo revistas. Achei o máximo isso. Mas…. ele não deu certo. Na hora, eu senti como sempre tenho sentido, que é o que precisa acontecer para que o projeto amadureça. Foi tranquilo para mim, mas para o grupo não. Entraram no drama. Na culpa. Na acusação. O que, para mim, também não é novidade. Mas dei meu olhar sobre isso. Lidar com a frustração é importante para que qualquer propósito seja alcançado. Se parte do coração que algo seja realizado, temos o suporte divino. O resto são arestas que precisam ser cortadas, novamente alinhavadas, celebradas, no sentido de perceber quais as necessidades reais ou mudanças para que saia tudo melhor do que a primeira vez. Mas… quando se entra na onda da frustração, a energia baixa, a vibração muda, as brigas começam. Este é um padrão de uma sociedade que se autocobra de tudo o que acontece. Precisa dar certo sempre. Pouco se valoriza o processo. E mais, pouco se valoriza a experiência como parte de algo desconhecido.

Daí levanto a pergunta: O que é que não deu certo mesmo ? Não existe controle do resultado. Isso é ilusão. Deu a única coisa que poderia dar. Esta é uma das Leis espirituais. Vamos a elas, para dar uma clareada.

“1a Lei: A pessoa que chega é a pessoa certa.
2a Lei: O que acontece é a única coisa que poderia acontecer.
3a Lei: Em qualquer momento que comece é o momento correto.
4a Lei: Quando algo termina, termina.”

Perceba que, se olhar para estas simples Leis, vai chegar a conclusão de que o controle é perda de energia. Olhar para cada situação como um aprendizado é mais útil do que deixar que a frustração te bloqueie.

Eu falo isso de cadeira. Olhando para minha retrospectiva de vida, as coisas não dão muito certo na minha tridimensionalidade. Tenho várias situações que falharam. A última foi o Destino Colaborativo (DC). Uma iniciativa que criei para que as pessoas pudessem viajar, para locais de transformação, mesmo que não tivessem dinheiro. E não deu certo. Já fiz meu levantamento pessoal do porque não dá certo e ok. Mudei meu propósito ? Não. Mudei a forma de colocá-lo em ação.

Nesta iniciativa, aprendi uma “porrada” de coisas sobre seres humanos. Eu os tratava de uma maneira equivocada. Primeiro com condescendência. Depois com uma fé inabalável de algo que só parte de mim mesma. Não tem a ver com o outro. E hoje, estou na aceitação sobre o que é o ser humano, enquanto consciência. Pulei uns buracos negros do julgamento, para chegar nisso.

Mas olha que perfeito que é aceitar o processo. Neste movimento de refletir no que deu certo e deu errado, percebi o quanto a iniciativa do DC me ampliou o olhar sobre o Planeta Terra (fronteiras invisíveis, força e necessidade da natureza), e sobre o mundo sutil (mundo invisível, como ele se comunica, como eu me comunico com ele) . Através do Destino Colaborativo chegaram até mim situações de aprendizado sobre consciências expandidas nestes setores. E não tenho como saber se foi por isso que houve todo o projeto. Talvez (não é possível ter certeza) o processo todo não era levar pessoas para estes locais, mas minha própria expansão enquanto consciência divina. Sem o DC eu não teria superado uma questão de abuso que sofri quando criança. Sem o DC eu não teria acessado as energias de cura e transmutação que acessei no Monte Shasta e no Jogo Planetário. Sem o DC eu não ampliaria minha visão sobre os vórtices de energia. Então, quem me disse que o propósito real do DC era levar pessoas sem dinheiro para estes locais ? Eu que disse, mas … Sei lá. Foi uma inspiração divina, com propósitos ocultos. E o momento agora é de agir numa nova frequência. As pessoas que não têm dinheiro vão chegar. Eu vou apoiar, mas a responsabilidade é delas de alcançar o objetivo ou não. Minha parte ? É minha parte.

Então, pergunto de novo: O que é que não deu certo mesmo ? Esta pergunta tem que ser feita para sua autoacusação. Toda vez que aquela vozinha chata, na sua cabeça começar: “Eu sabia que você não ia fazer isso!” ou “Você nunca acerta!!” ou “Todo mundo vai me achar um incapaz, um perdedor”! ou qualquer outra frase destas que só você conhece, que te julgam, colocam num lugar de dor. Observe isso e pergunte-se. O que é que não deu certo mesmo ? Para lembrar que não tem resposta. Não há certo ou errado, na concepção de que a experiência é a única coisa que importa. E que isso aprimora suas escolhas, limpa seus caminhos e define quem você veio SER. Daí você sai da sua vítima de si mesma e passa a olhar com responsabilidade. E alinhar novos passos, revisar tudo o que foi caminhado.

E quando isso partir do externo, esta cobrança toda, pergunta para a pessoa se ela tem telhado de vidro ou de feno. Manda ela cuidar do umbigo. Ou, se você for mais educado que eu, pede para ela meditar sobre seus próprios processos. Tenta fazer das relações um lugar menos sombrio de cobranças e resultados perfeitos.

Este último parágrafo dá mais um texto. Então vou deixar para uma outra hora, falar de relações que nos cobram. Este aqui já dá conta do que acho que é o maior Algoz: nossa própria mente acusadora.

Ah… uma dica. Tenha discernimento. Não use o fato de não controlar o resultado para ser condescendente consigo mesmo. Olhe para suas escolhas com amor. ❤

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Patrícia Stanquevisch
Patricia Stanquevisch

“Nasci para ser livre e para isso tive que aprender a Superar Limites. De muitos tamanhos, formas, cheiros e cores”.