Dilúvio Interno
Não há chuva que dure pra sempre
Mesmo que estejamos em março
Ou no meio de novembro
Ela há de passar
Mas ela volta e volta sempre
Assim como você
Assim como eu
Qualquer um
O enxurrada é terrível, eu sei
E me desculpa
Nunca quis levar nada
Sei que não parece, mas
É porque o indivíduo é assim, contraditório
Assim como a chuva que vem para lavar
Mas destrói toda periferia despreparada
Para esse momento tão sublime e único
E que ao mesmo tempo causa dor e perda
Fácil de entender na teoria
Difícil aceitar na prática
E é esse o problema de tudo
Como vou me reestruturar agora?
E essa questão vem e para e vem e para
E em cada vão desse tempo é a chance de crescer com os acertos, mas principalmente com os estragos
Que cada uma dessas pequenas jornadas molhadas causam
Mas não se preocupe
Vem dividir o guarda-chuva comigo
Mesmo que saibamos ser água
Também somos refém dela