Pedagogia de Emergência: Porque ler ?

Caro Leitor,

Lançamos na última quinta-feira, 08/12, a página “Pedagogia de Emergência: Um Diário no Iraque” que divulga os relatos de Reinaldo Nascimento em sua viagem para trabalhar com crianças refugiadas em Zahko. Reinaldo é integrante da associação alemã Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiner (Amigos da Arte de Educar de Rudolf Steiner) que trabalha com crianças e adolescentes com traumas psíquicos em regiões de conflito. A convite da Brasileiros ele escreveu, em forma de diário, um relato emocionante de relações interpessoais, pequenas sutilezas fundamentais e todo o trauma que vive uma criança deslocada pela guerra.

Em um 2016 de grandes acontecimentos políticos, em sua maioria em movimentos anti-imigrantes, antirefugiados, antiglobalização e antiprogressistas o seu relato se torna ainda mais rico e importante. De Trump a Marine Le Pen vemos um mundo que busca se fechar em si, que busca fechar os olhos e não ver o que está ao lado, principalmente aquele que está insatisfeito. Vemos também uma inocente, porém grave, rejeição ao político e até mesmo ao ideal de fazer política: “Eu não me envolvo nessa lama”, poderia dizer o leitor. Porém, Reinaldo, mesmo sem querer, nos mostra que fazer política está nas ações do dia-dia, do voluntariado ao simples ceder o lugar de idoso no ônibus. Esse tipo de ação concretiza e complementa um contrato social entre as pessoas, que rege as relações do homem com o seus semelhantes, com natureza e com as instituições.

O voluntariado de Reinaldo talvez demostre a forma mais altruísta e genuína de fazer política: aquela que busca o poder de melhorar a vida dos homens. Um dos grandes derrotados da política internacional do ano, Barack Obama disse uma vez “ A mudança vem quando pessoas normais fazem coisas extraordinárias.”

Portanto, convidamos o leitor a se sensibilizar com os relatos de “Pedagogia de Emergência: Um Diário no Iraque”, que esses relatos possam reavivar nossas esperanças na arte da política, pois 2017 promete ser um ano de embates de ideias, ideais e projetos políticos e como bem colocou Bertolt Brecht: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem.”

Por fim, a Brasileiros convida o leitor para ouvir Reinaldo contar um pouco das suas experiências em um debate ao vivo no Facebook (facebook.com/revistabrasileiros) no dia 12/12, próxima segunda-feira as 15h30. O debate terá mediação de Hélio Campos Mello, diretor de redação da Brasileiros e participação de Patrícia Campos Mello, repórter especial de política e economia internacional da Folha de São Paulo. Não deixaremos de lado a consciência de que o jornalismo e o debate são também ações políticas, principalmente quando são utilizados para dar voz a mensagens de altruísmo e preocupação com o próximo, mesmo que ele não esteja assim tão próximo.

Revista Brasileiros