Massa crítica RJ — Setembro 2017

Bicicleta, o transporte e o esporte!

Hugo Penna
Pedalada Amadora
Published in
3 min readOct 3, 2017

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Já faz algum tempo que quero fazer da bicicleta o meu principal meio de transporte. Então alguns meses atrás duas coisas aconteceram para impulsionar essa vontade vendi o meu carro e entrei em um desafio de ficar uma semana sem carro.

Coisas que eu aprendi nesse meio tempo:

#1 O meio de transporte e o esporte exigem posturas diferentes:

O Transporte:

Para me locomover pela cidade, Ribeirão Preto é quente pra Po#$@, as preocupações envolviam “onde poderei deixar a bike?”, “qual caminho farei?”, “será que tem sombra?”, “vou chegar suado?”, “O que vou fazer hoje?”. Imagine que cada item não utilizado é mais peso nas costas.

O Esporte:

Acordar para pedalar antes de ir trabalhar, só exige disposição. Sair de casa somente com celular, chaves e água, voltar 1h depois todo suado e cheio de adrenalina no sangue. Eu saia de casa sem nem saber para onde eu ia, só pedalava e vigiava o tempo para voltar.

A conclusão:

Em suma, o meio de transporte não é tão prazeroso como o esporte, não se engane.

Você passa a ser parte do trânsito, um veículo,um motorista, em meio a tantos outros e terá que aprender a conviver com os outros veículos.

Sabe aquela avenida que a galera do pedal evita, pode ser que ela esteja no seu trajeto inevitávelmente, comporte-se como um motorista.

# 2 Cuidado, você pode virar um ativista.

É pedalando todos os dias, por todos os lugares que percebi que a bicicleta atinge muito mais gente, que se faz presente na vida de muita gente, que é o meio de transporte de grande parte da população.

Começei a me sentir parte de um grupo, começei a ter vontade de me movimentar por melhores condições, o senso crítico despertou.

Na sua cidade, acorde bem cedo e vá para uma avenida de grande circulação e conte o número de trabalhadores de bicicleta, você vai se espantar.

#3 Tô nem aí para a Petrobras, sou movido a arroz com feijão

Ir do ponto A ao ponto B só gasta calorias e mais nada, o custo do km rodado é quase ZERO, começei a me sentir rico, meu dinheiro ganhou mais valor.

De carro, de Uber, de ônibus, não importa. Você sempre tem que pagar alguma coisa, que consome uma quantia todo dia, toda semana, todo mês e parece que não temos opção, até que a bike leva isso a zero e o dinheiro começa a render mais, posso ir onde quiser e não terei que pagar por isso.

É uma espécie de liberdade ecônomica de ir e vir.

#4 Sai da bolha

Logo nos primeiros dias de bike fiquei até um pouco chocado no trajeto diário casa<>trabalho, começei a perceber as pessoas e as relações que bloqueamos quando estamos trancados na bolha do carro, muitos estão tão isolados lá dentro que se quer conseguem ver o morador de rua que dorme a poucos metros de você.

É como se de alguma forma a bicicleta me deixasse exposto ao mundo e isso me tornou mais humano, mais próximo das pessoas que cruzavam o meu caminho. Eu tinha os meus 20-30 minutos de reflexão todos os dias, a vida parecia passar com mais calma e leveza.

Essa sensação foi tão forte que me fez refletir sobre a minha vida e a bolha em que eu estava inserido.

Atualmente a bike é o meu principal meio de transporte, deixo-a em casa somente nos casos de trajetos longos demais ou que seja impossível ir.

Se você curtiu o texto me da uma força dando um joinha!

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Hugo Penna
Pedalada Amadora

Sou um peixe que nasceu fora da água, sou uma árvore que nasceu dentro do mar.