Cidade: o agito cronometrado

Silvio Matos
Pela cidade
Published in
2 min readNov 21, 2019
GIF: Giphy

Quem vive em espaços urbanos sabe: correria não falta, agito é integral. Trabalho, faculdade, trânsito, vida social (quando tem) são só alguns itens que fazem a vida urbana se diferenciar. Na cidade, o relógio é rei, manda em tudo, desde o despertador para levantar-se até o horário exato para dormir. É um agito cronometrado, e o pior é que ninguém pode fugir disso, todos são afetados.

Uma coisa depende da outra. Se o ônibus passa e você fica, todo o seu dia terá um “x” tempo de atraso. Se você fica cinco minutos a mais na empresa, isso vai afetar toda a sua rotina noturna na faculdade. O fluxo é tão intenso que cada minuto apresenta realidades totalmente diferentes, as pessoas mudam, os carros mudam, a paisagem muda (principalmente no início e no fim do dia). A vida acaba se perdendo. Com tantos afazeres, o tempo passa mais rápido, semanas parecem dias. Quando menos se espera, nos damos conta do tanto que se perdeu por sermos reféns do tempo.

O tempo na cidade pode ser trabalhado de forma eficaz, mas sempre tudo bem cronometrado. Quer ficar uma hora com a família? Acorde mais cedo, deixe o celular, assista menos TV. Às vezes, o que torna as pessoas presas ao tempo é a própria rotina criada por uma lógica que só a cabeça de quem esquematizou entende. A loucura das cidades interfere com toda certeza no tempo, isso é fato, mas é possível trabalhar, psicólogos estão aí para isso, para ajudar. Até quando você terá uma vida agitada cronometrada? Até não ter mais tempo?

As cidades tentam se estruturar para diminuir o tempo de trânsito, proporcionar espaços de lazer. Toda a infraestrutura pode ser alterada para contribuir com a população. Infelizmente não é assim que o mundo funciona. Os interesses falam mais alto e o povo continua cativo. Quanto tempo você acha que economizaria com um transporte público eficaz? Se a saúde pública/privada dispusesse de mais profissionais, quanto tempo você ganharia, sem precisar ficar horas esperando? E a burocracia do governo, então, nem se fala, se vários atendimentos fossem automatizados o tempo seria poupado. Hoje o tempo é ouro, nas cidades é ainda mais raro. O ser humano precisa dar um tempo ao tempo.

O tempo na cidade vale ouro / Foto: Silvio Matos

--

--