Vida na cidade: “Hoje é comum estar triste”
Como abordamos na crônica apresentada em outra aba, quando se pensa em vida urbana, logo vem à cabeça a agitação, o grande fluxo de pessoas, a correria, o cumprimento de horários, as longas reuniões, o trânsito, e a temida pressão. Com tantos afazeres o tempo todo parece diluir. Com essa vida, principalmente problemas de saúde, começam a aparecer. A psicóloga e psicopedagoga Jussara Henn afirma que atualmente as pessoas não conseguem mais aproveitar a vida, principalmente devido a “loucura” da cidade.
“O tempo todo somos encontrados e cobrados, ou seja, não conseguimos mais saborear os dias de semana, os fins de semana, os feriados… O tempo todo estamos ligados, conectados e essa pressão não faz nada bem ao nosso corpo, sentimos fortes dores, o sono é agitado, acordamos cansados e esse cansaço interfere no nosso ser, estar, pensar e agir. As emoções ficam abaladas e as doenças psicológicas aparecem”, diz.
Segundo ela, hoje é comum estar triste, angustiado, ansioso e entediado. “Esses são fatores que levam a depressão, a fobia social, a síndrome do pânico, entre outros transtornos e síndromes”, explica. A vida urbana está ligada a sociedade, ao consumo, e a aparência. “O melhor sorriso nas redes sociais não é real, a realidade é outra! A realidade clama por melhores condições de vida física e psíquica. O ser humano não é máquina. Precisamos parar e reorganizar nossas vidas, percebendo como anda nossas emoções, é necessário voltar-se ao nosso eu”, orienta.
O cuidado com as emoções é fundamental, especialmente na era dos “likes”. “Estar triste, desanimado, angustiado, faz parte do nosso existir, são emoções que existem, não é algo de hoje. Mas se forem contínuas, é necessário perguntar por que estou assim. Saber onde tudo começou, é necessário esse cuidado. Precisamos organizar o nosso tempo diário com ‘janelas’ que possibilitem o encontro com amigos, jogar conversa fora, fazer um relaxamento, meditações, ter um contato com nós mesmos”. Você sai com os amigos para relaxar? Lei a nossa outra aba que fala sobre isso.
Jussara explica que o adoecimento mental está relacionado com o distanciamento de perceber nossos sentimentos, e a vida na cidade acaba ocasionando esse fator. “Em cada dia é preciso parar, fazer um relaxamento, para que no dia seguinte estejamos inteiros, porque se o sono, não for um sono restaurativo, o cansaço físico e psíquico trará novas doenças. Então cada pessoa precisa pensar como que o físico age diante das pressões e como que o psíquico está diante das pressões da vida urbana”.
A psicóloga afirma, com total certeza, que hoje a psicoterapia é uma necessidade humana, especialmente para os moradores das grandes e médias cidades. “Por que falar sobre você, entender como você vive, entender as pressões do dia-a-dia, faz bem tanto para a saúde física, como para a saúde mental”, completa.