Vanessa Perroni
Pelas Frestas
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2 min readDec 11, 2017

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Da série: “Carta a um EU pretérito”

Relutei muito para começar a rabiscar esse papel, mas sua presença tem sido latente em minha memória, povoado tanto meus sonhos, que não tive outra alternativa se não transbordar.

Desfio essas linhas para dizer: — Se perca. E muito! Mas não em qualquer lugar… só nos que te assustam e aguçam os instintos.

Se lambuze no erro e sinta que isso não te torna menor, e abra os braços para a chuva de humanidade que essa experiência provoca.

Olhe nos olhos da vulnerabilidade e perceba que ela é companheira fixa e não mata, mas ensina muito.

Descubra que perfeição é crença falida plantada na infância, e paralisa. Cuidado!

Me recordo da menina que sempre se encantou com as coisas mais simples.

Felicidade? Era cheiro de manga colhida do pé, ao lado da avó. O melhor esconderijo era o abraço-aconchego da mãe, enquanto viajava pelo universo de histórias apresentadas pelo pai.

Te apelidaram de Branca de Neve. Logo você, que nunca quis ser princesa.

Gostava mesmo era de saber o que havia no castelo do outro. Procurava rachaduras e se encantava com elas.

Para muitos você soava estranha. Mas o que sempre importou era o gosto do afeto. Bom e diferente a cada colherada.

Escrevo isso para lembrar que a vida é colcha de retalhos cheia de remendos de nós. E o que te define é o estar no momento presente sendo tocada pelo que te atravessa e, assim, ser infinitas reticências… Imagine!

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Vanessa Perroni
Pelas Frestas

Jornalista apaixonada por histórias, pessoas e o cotidiano. Leva a vida como uma grande experiência, e prova tudo com colheradas bem cheias!