Eras
Ele olhou para o garoto
Um olhar para si mesmo
Um brilho do passado.
Olhou como ele mesmo.
O garoto estava com raiva.
De punhos serrados.
O Homem havia esquecido da Criança.
Esqueceu quem é.
Esqueceu que o Universo foi feito somente para os seus olhos.
Da coragem das estrelas.
Que a vida é o bem mais precioso.
E que ela está em todas as manhãs e fins de tarde.
O Homem estava envergonhado.
Nunca havia entendido o quão raro e belo era existir.
E ele daria tudo para ouvir aquele conselho novamente.
Onde lhe explicaram o infinito.
Perdeu muito tempo ficando com raiva de seu Criador.
Não fazendo as pazes com o seu passado.
Esqueceu de respirar.
E principalmente de se permitir ser feliz.
Ele devia ter vestido as melhores roupas para ir a padaria.
Usado os melhores lençóis e toalhas de mesa.
Feito as melhores viagens fora de época.
Os “Hojes” de ontem sempre foram especiais.
A Criança estende a mão.
O Homem se ajoelha.
A Criança permanece.
O Homem se esvai.
A vida é curta demais para ser pequena
E os milagres o esperam em todos os lugares.
A vida é o maior deles.
Não justa, mas ainda boa.
Ainda viva.