liquidez
pelas manhãs em que te vejo ir embora
me pego analisando
seu toque esquivo
meu desejo então aniquilo
e puxo alguma conversa vã
preenchendo o espaço vazio
de outra manhã
corpos pousados na cama
quilômetros de distância mental
e não há mais aval
pra tocar seu corpo
aqui jaz o desejo carnal
que nos fez ferver,
teatral
dois corpos paralisados
por mais uma manhã banal
pele
gozo
tapa na cara
reviro seu corpo
revira meu corpo
entorna esse copo
em cima das cinzas
daquele desejo louco
que acabou em meio
a noite de sono,
me vejo agora
meio oco
pela manhã,
estranhos
um café quente
retorna calor
a pele fria
pra me recuperar
dessa agonia
de me sentir
um mero corpo usado
pra lhe satisfazer
a euforia
sozinha agora
minha pele arrepia
em meio a foda
minha voz sucumbia
te olhei
sem saber
o que dizia
somos só estranhos
e esse é só outro dia