Narbélios
eis o surto de lucidez derramado ao som do vento
folhas que caíram da mesma árvore
sobrepõem-se ao alarmante vício de nós vesgos
faringites agudas já não me puxam para baixo
teu Sol é ti em si próprio
quem ascende já vê o outro
e a Lua absorve o mundo
Júpiter é do tamanho do conhecimento
Saturno reflete e dá tempo ao tempo
o tempo voa e não existe sofrimento
que perdure pelo amanhã
Plutão é o outro lado da moeda
o que é que Brutus disse a César?
a cauda que pica e te inflama
lambe os lábios à beira da cama
em Marte sou combatente
diplomata dissidente
agonia efervescente
que excita o velho Mar
somos do jeito que fomos feitos
ou uma construção constante
em pleno movimento?
são tantas estrelas a me iluminar
tanto molho a me misturar
que mergulho
na variedade do ser absoluto
e transmuto
num breve olhar
