Ponto

Não sei ao certo por volta de que horas você chegou. Era fim de tarde ou quase isso.

De gosto meio duvidoso, o brigadeiro você comeu.

Pensando bem, acho que vou fazer diferente dessa vez.

Dividimos a sua cama de solteiro em nossa primeira noite chuvosa.

Confesso que não estava me sentindo muito bem naquele fim de noite. Por uns instantes cogitei voltar para casa.

Não que estar ali sentada ao seu lado no sofá vendo TV estivesse ruim. Na verdade, eu só não conseguia me concentrar. Mamãe tem razão. Eu não deveria mesmo misturar álcool e remédios.

Talvez fosse o início de uma crise de pânico. Não sei.

No seu carro, ouvir a melodia das gotículas de água que caíam e observá-las escorrendo pelo parabrisa me causaram um sentimento de nostalgia. Viver aquele momento especificamente com você, o tornou ainda mais mágico.

Todo o cenário estava sob uma áurea mística.

Encostar a minha cabeça em seu ombro enquanto o seu braço confortava a minha cintura entre uma onda de pensamentos e reflexões acerca do medo, me fez congelar aquele instante na minha falha memória.

Tudo que eu mais desejava era permanecer ali. Quiçá, deixássemos os bancos e caíssemos no sono lá.