Tsunamis

Vivis
Pensamentos Poéticos
2 min readFeb 16, 2023

A vida tem sido muito dura comigo e com a minha família.

Para ela, não basta tudo que já vivemos. Nada é tão ruim

que não possa piorar.

Como ser positivo numa realidade como esta?

Seria cômico se não fosse trágico.

Tragédia = peça em verso, cuja ação termina de ordinário

por acontecimentos fatais.

É exatamente assim que podemos rotular a minha vida.

A divina tragédia.

A tragédia de ter nascido. De ter sobrevivido. De não ter

coragem de tirar a própria vida.

Das intermináveis cartas suicidas.

A tragédia de ainda tentar continuar sobrevivendo.

Por quê continuar tentando?

Isso não é vida.

Viver não pode se resumir a sofrimentos.

Lamento, mas o peso da dor é maior que os esporádicos

momentos de alegria. E, na balança de Osíris, o meu coração

não pesa menos que uma pena.

Não preciso nem ser devorada por um deus com cabeça de

crocodilo. A vida tem me devorado diariamente com essas

tal de aprovações.

Eu tenho fé, não vou negar. Mas, que Deus é esse que insiste

em ver um “filho” sofrer porque para ele, esse pobre ser

consegue suportar?

Quantas dores e tempestades, tsunamis, inundações, erupções

tornados mais, eu terei de enfrentar para ter o mínimo de paz

ou sossego que um ser humano deveria ter?

Uma vida de sofrimentos, de dores, de cicatrizes não é vida.

É uma tormenta.

Por noites eu choro, não consigo dormir.

Por noites o ar foge dos meus pulmões.

Por noites vivencio pesadelos que me fazem palpitar o coração.

Por noites, por tardes e dias, o meu desejo se torna único.

Desejo não estar mais aqui.

Desejo que nunca estivesse aqui.

Desejo que o amanhã não aconteça.

Que eu durma e não acorde.

De sumir.

De inexistir.

Desejo não sentir dor na minha partida.

Acredito que seja essa a razão ao qual não fui capaz ainda

de pegar um objeto cortante e enfiá-lo em minha garganta.

Em minha barriga ou pulsos.

O sofrimento psicológico me assusta e atormenta tanto que

me faz ter medo do sofrimento físico.

Mas, o meu desejo é unicamente o mesmo por anos, por meses,

dias, horas, minutos e segundos: morrer.

- Por um eu que já morreu há anos.

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