Home office pra que te quero

Paulo Pilotti Duarte
here be dragons
Published in
2 min readJan 19, 2023

--

Print direto do tabnews, quem não conhece, recomendo.

Confesso que eu simplesmente não consigo imaginar minha vida sem home-office. Eu moro na capital (Porto Alegre) mas na periferia. A empresa onde eu trabalho hoje não tem uma política clara de remote first (apesar de todos os programadores serem remotos e a maioria das pessoas seguirem no regime remoto e, finalmente, não ter nenhum movimento da diretoria pra voltar pro escritório) e isso me deixa sempre inseguro (coincidência estava falando na minha 1:1 sobre isso agora e, pelo menos, a minha gerente defende o mesmo que eu). No meu caso, mesmo morando na capital (mesma cidade da sede) eu levaria 2h de ônibus pra ir e mais 2h pra voltar. No calor. Na chuva. No frio. Enfim, o que todo mundo já sabe. Me expondo a assaltos com o equipamento da empresa e se estressando diariamente com congestionamentos. Não tem a menor possibilidade de que um dia eu volte pro presencial. Presencial só happy hour =D

E outra coisa que é interessante de perceber é como o comércio de rua da minha região melhorou das pernas com mais pessoas trabalhando de casa. Uma zona periférica residencial, de baixa-renda, hoje conta com 3 restaurantes na mesma quadra, todos lotados no almoço com pessoas pegando marmita pra comer em casa (ou mesmo comendo ali no intervalo). Isso era impensável em 2019, tanto que o único restaurante que tinha aqui abria às 18h. Não sei quantos empregos diretos/indiretos esses caras abriram ao empreenderem, mas é uma coisa que não se pode ignorar também. A periferia sempre foi carente de qualquer opção porque servia, essencialmente, como dormitório do trabalhador. Hoje em dia ele de fato vive na sua vizinhança e, se duvidar, tem até o sonho de morar na praia, na serra … em qualquer local.

Quem ignora essas vantagens é muito privilegiado – mora bem, tem carro etc – e não consegue praticar a empatia necessária para entender as milhares de realidades de uim país desigual como o Brasil. O home-office foi a revolução trabalhista real desse país (pena que teve de ser impulsionado por uma carnificina e mais pena ainda que tenhamos tantos CEO’s e empresários questionando a prática).

Eu acho que veio pra ficar pra maior parte das profissões. E irei lutar por isso se possível.

--

--