Alfama: (h)a(‘) beleza no caos

Bruna Próspero Dani
uma-maleta-de-mão
Published in
2 min readJul 14, 2018

Não faz o menor sentido.

Gosto daqui exatamente por isso. Sei lá, me identifico.

Não existem paralelas ou esquinas bem feitas. Uma ruela que parece dar em um beco chega em um avenida.

E as ruas de restaurantes embaladas pela melancolia do fado não nos levam a lugar nenhum.

Varais do lado de fora escancaram lençóis, pijamas e meias furadas.

Por que escondemos nossas meias furadas?

Ao lado um vaso colorido e florido. Todo mundo têm meias velhas e suas flores também.

Assim como as meias que ficam escondidas, nem sempre colocamos as flores pra tomar sol.

Gosto de quem escancara as meias e rega suas flores.

O fio do varal é quem une uma parede a outra. Vez ou outra é Trepadeira esverdeada e florida.

Existe beleza no caos. Alfama é prova disso.

A angústia do fado me leva pra longe e me perco de novo. E de novo. E de novo.

Já passei por aqui. Lembro disso. “Caminho errado”. E quem disse que é certo?

Claramente um vilarejo não planejado. Ou planejado justamente para confundir?

Uma mistura de sons, cores e pessoas. Flores que brotam do cimento. E unem as bandeiras nas janelas.

Alfama tem um pouco do mundo todo. E todo o mundo tem um pouco de Alfama.

--

--