Alfama: (h)a(‘) beleza no caos
Não faz o menor sentido.
Gosto daqui exatamente por isso. Sei lá, me identifico.
Não existem paralelas ou esquinas bem feitas. Uma ruela que parece dar em um beco chega em um avenida.
E as ruas de restaurantes embaladas pela melancolia do fado não nos levam a lugar nenhum.
Varais do lado de fora escancaram lençóis, pijamas e meias furadas.
Por que escondemos nossas meias furadas?
Ao lado um vaso colorido e florido. Todo mundo têm meias velhas e suas flores também.
Assim como as meias que ficam escondidas, nem sempre colocamos as flores pra tomar sol.
Gosto de quem escancara as meias e rega suas flores.
O fio do varal é quem une uma parede a outra. Vez ou outra é Trepadeira esverdeada e florida.
Existe beleza no caos. Alfama é prova disso.
A angústia do fado me leva pra longe e me perco de novo. E de novo. E de novo.
Já passei por aqui. Lembro disso. “Caminho errado”. E quem disse que é certo?
Claramente um vilarejo não planejado. Ou planejado justamente para confundir?
Uma mistura de sons, cores e pessoas. Flores que brotam do cimento. E unem as bandeiras nas janelas.
Alfama tem um pouco do mundo todo. E todo o mundo tem um pouco de Alfama.