PROCURA-SE: O profissional que procuramos ser

Pensei Andando
Pensar Design
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4 min readSep 11, 2017

Você publicitário, empresário, redator, você planner, você motion…você descolado, com senso de humor e desconstruidão, com referências que só os fortes entenderão e aquele profissional ninja com salário de padawan. Por que somos julgados pela nossa personalidade e gostos ao invés de nossa trajetória e realizações? (Essa página aqui não nos deixa mentir.) Porque um bom portfólio, currículo bem escrito, e um bom bate-papo em entrevista não são suficientes?

Photo by Clay Banks

Já reparou como tudo o que permeia os profissionais do universo criativo vem regado de descontração? Fica fácil entender se considerarmos toda a pressão imposta por prazos curtos e expectativas altas. Demandas tão estressantes se tornam mais palatáveis com um ambiente de trabalho descontraído. Mas o que toda essa falta de protocolo tem causado à profissão?

Em teoria, o profissional do mercado criativo deve ser multidisciplinar, antenado à tendências, ter senso estético apurado, inglês fluente, dominar processos gráficos, entender de digital (e suas infindáveis linguagens), ter noções de motion como diferencial e, também, estar alinhado com todos os conceitos de marketing da atualidade. Porém, há uma imensa dificuldade em atender todas essas demandas. Esses profissionais ideais raramente recebem uma remuneração compatível, mesmo quando atendem os requisitos aqui mencionados. Pouquíssimas vezes o profissional consegue desenvolver seu processo de criação de maneira “criativamente saudável”. Parece que seguir tendências é mais importante do que entender efetivamente os objetivos do projeto. Usamos termos em inglês que nos fazem parecer mais inteligentes e atualizados, mas na realidade criamos ruídos no entendimento geral da equipe envolvida, nos despindo do propósito original da entrega e transformando tudo em uma corrida maluca contra o prazo.

Em paralelo, é crucial cobrar de si mesmo e também de nossos colegas de trabalho a postura profissional que tanto cobramos dos nossos empregadores, olharmos para nossos pontos fracos e buscar mais conhecimento e usá-lo a nosso favor. É necessário suprir as bases fracas que possamos ter, e a internet pode ser uma grande aliada para o aprimoramento profissional. O estudo, a discussão e mudança de hábitos e processos são tão urgentes quanto o inglês fluente e os diversos softwares exigidos em prol da melhoria na qualidade das entregas.

Sabemos que não é fácil manter-se focado devido a fatores externos: ambiente de trabalho, processos mal desenvolvidos ou mesmo remuneração muito abaixo do esperado podem ser desmotivador. Mas a seguir, listamos algumas provocações que cada um de nós pode usar no dia a dia com o intuito de se aprimorar cada vez mais.

Inspire-se com os grandes. Livros clássicos de design e comunicação possuem discussões amplas sobre pensamento, projeto, o que é/não é design. Leia e se inspire com o quão longe esse pensamento pode ajudar e permear outras áreas.

Função antes da forma. Livros guias podem evoluir muito seu trabalho, ajudando a tomar decisões conscientes e auxiliar no sentido de não apenas replicar referências que deram certo. Por mais que trabalhemos com criatividade, as coisas não são feitas de forma aleatória: tenha sempre em mente o objetivo daquele material para nortear suas escolhas.

Postura. Temos hábitos arraigados da época em que a publicidade era glamourosa. Chegar tarde e sair tarde é uma delas. Infelizmente aqueles que chegam e saem no horário ficam taxados como braço curto, entre outros jargões, que só fazem piorar as condições de trabalho que nós mesmo reclamamos.

Processo criativo. Começar direto no computador pode mecanizar a criação mais do que soltá-la. Se queremos valorizar nosso processo criativo, descubra o seu: se questione, explore seu processo e provoque-se constantemente.

Enfim, existem diversas maneiras de se atualizar e manter-se um profissional relevante. São provocações diárias, coletivas ou individuais, que nos fazem evoluir no sentido mais amplo da profissão. Devemos ter em mente que estudar é um processo contínuo e podemos melhorar todos os dias tanto como profissionais quanto como pessoas. Cabe a cada um de nós evitar comportamentos que achamos prejudiciais.

Se achamos concorrências desleais, vamos nos posicionar e questionar o contratante, sugerindo cursos, novos equipamentos, horários flexíveis e outras concessões que amplifiquem a comunicação. Se queremos prazos maiores, que muitas vezes não são possíveis, podemos estruturar o processo criativo para economizar muito tempo.

Salários e melhores condições de trabalho são assuntos mais complexos que requerem diálogo aberto entre profissional e empregador. O ponto é olhar para si mesmo, refletir sobre suas necessidades e sobre os seus deveres. Você entrega o que é esperado de você?

Almejamos ser reconhecidos como diretor de arte, diretor de criação, community manager, mas esquecemos que há um longo caminho para ser percorrido antes de ser realmente bom naquilo que fazemos. Vamos esquecer um pouco os termos e títulos que fazem nossa área parecer tão descolada e fazer isso ser refletido menos nas redes sociais e mais em nosso dia a dia. Afinal, cargos podem até trazer retorno financeiro imediato, mas de maneira não sustentável, as novas demandas de um cargo exigem conhecimentos gerais e específicos ao mesmo tempo. Apenas ocupar tal cargo não gera conhecimento em si. O que gera conhecimento é a consciência de suas habilidades atuais e a busca pelo momento seguinte que almeja para sua carreira, então, como consequência, o reconhecimento acontecerá genuinamente.

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Este texto faz parte da série de leituras “Emprego dos sonhos”. Para ler a parte 1 clique aqui.

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Pensei Andando
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é graduada em Design Gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós graduada em Design Editorial e Infografia pelo IED-SP.