Amigos, leiam!

Renata Bastos
Perdi o sono e escrevi
3 min readJun 23, 2021

A maioria de nós vêm de um modelo educacional que tentava, e na maioria dos casos ainda tenta, não parecer autoritário, quando era. Como eu já disse no texto “Quer se destacar no mercado? Peça demissão mais vezes!”, nós fomos ensinados a pensar dentro do quadrado, este delimitado por aqueles que “detinham” o conhecimento, por sua vez inquestionável.

Foto by Renata Bastos

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Seguindo essa linha, me peguei refletindo sobre outra coisa: a maioria de nós não foi ensinado, ou melhor, motivado , a gostar de ler. Páginas eram determinadas para a aula seguinte e quem não lesse perderia pontos. Na verdade, a questão que deveria ter sido colocada na mesa era a de que quem não lesse não aprenderia sobre o que estava naqueles textos, mas isso não seria um fator determinante. Haviam e sempre haverão outros textos, livros, caminhos.

Todos sabemos que uma leitura forçada é desprazerosa e tem como resultado um entendimento superficial ou mesmo nulo . Como efeito colateral, muitos não veem entretenimento em ler e consequentemente temos poucos leitores espontâneos. O problema é que os efeitos vão muito além disso, pouco vocabulário, problemas gramaticais e ortográficos. Dificuldades de interpretação, discernimento de conteúdo e análise crítica, por exemplo, também ficam mais evidentes quando não se tem o hábito da leitura.

Mário Quintana disse uma vez: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprendem a ler mas leem pouco”. A frase de Quintana me lembra de como é triste ver amigos graduados e pós-graduados compartilhando conteúdos evidentemente falsos e tendenciosos sem nenhum questionamento. Isso mostra também uma falha no ensino superior: somos ensinados a consumir conteúdo sem pensamento crítico.

Um exemplo claro que me ocorreu é a frase “geração Paulo Freire”. Perguntei a pelo menos cinco pessoas de quem ouvi a expressão se já haviam lido algo do autor e a resposta de todos foi que não porque alguém disse que era ruim. A questão não é gostar do trabalho de Freire mas aceitar a opinião do outro como autoridade e isso vale para qualquer outro conteúdo: uma notícia no WhatsApp, um vídeo no Youtube, as falas de um político, líder religioso, artista, etc.

Fato é que quanto mais se lê, mais bagagem se acumula para exercer o direito, senão dever, de duvidar. Ler torna esse caminho mais fácil. Para mim a leitura não deveria ser vista como questão de gosto ou obrigatoriedade, mas sim de necessidade. Tomemos como base os dias atuais nos quais a falta de pensamento crítico tem conduzido a sociedade a caminhos muito perigosos.

Se você quer desenvolver esse hábito, deixe o celular de lado por 10 minutos e tire esse momento para leitura todos os dias e pouco a pouco você vai descobrir outras formas de pensar o mundo. Como disse Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Você deve estar pensando que me acho a sabichona, mas pelo contrário: quanto mais leio, mais descubro que tenho muito a aprender e, por este motivo, sigo lendo.

Por isso, amigos, leiam! Afinal, se não aprendermos a duvidar para achar respostas, damos o direito do outro afirmar por nós e isso pode ser, literalmente, fatal.

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