Ano Novo: defina poucas metas e foque nos valores

O QUE quero fazer vs QUEM quero ser

Hallison Paz
PerspectivadoHall
3 min readJan 2, 2020

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ESTABELECI 12 METAS PARA 2019 e não cumpri nem 1 terço delas. Apesar disso, 2019 foi um ano de muitas realizações. Ano após ano, tenho tido oportunidades de viver experiências que eu não poderia ter antecipado e que, frequentemente, me fizeram abrir mão de algo que eu havia previsto.

Uma imersão artística de seis meses no Museu do Amanhã desenhando o futuro da humanidade em Marte?

Primeira turma do curso Ciência de Dados Aplicada do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA)?

Uma proposta de trabalho em uma Start-up de Inteligência Artificial em fase de expansão?

Nenhum daqueles doze ítens contemplava qualquer uma dessas coisas, que não tinham como ser imaginadas à época. Hoje, eu conto cada uma delas como uma grande realização, ainda que tenham postergado outras.

Constatando esse fato, comentei com a minha noiva que estava escrevendo sobre 2019 ter sido “melhor que a encomenda”. Fizemos uma retrospectiva conjunta do ano e eu percebi que também foi o ano de maior estresse e aborrecimento que vivi, o que me desanimou a manter o tom original do texto. Contudo, olhando só para as metas, percebemos um outro padrão que serviu de inspiração para este texto e endossou o descarte ao anterior.

Mudando o foco

Além das metas que foram substituídas por oportunidades, algumas simplesmente não tinham como ser cumpridas integralmente, pois não eram mensuráveis ou específicas — usando termos do acrônimo SMART, conhecido na área de gestão. Por exemplo, na minha lista, havia os seguintes ítens:

  • Cuidar da saúde física, mental e espiritual.
  • Passear mais.
  • Postura de campeão todos os dias.

Com essas descrições, é impossível saber quando ou mesmo se as metas foram atingidas. No entanto, essas metas foram as que nós mais gostamos e elas muito contribuíram para que eu me esforçasse em fazer o ano, e consequentemente a vida, melhor. Eu não queria cuidar da minha saúde apenas em 2019, eu queria me tornar alguém que cuida da saúde ao longo da vida. Da mesma forma, quero sempre lembrar de dedicar um tempo para conhecer novos lugares e aproveitar a companhia das pessoas próximas, além de me esforçar para viver cada dia como um campeão. Assim, vejo mais sentido em pensar nessas “metas” como valores, pois um valor diz mais sobre a pessoa que você quer ser do que sobre aquilo que deseja concretizar.

Pensando nas longas listas de metas que se acumulam e num certo grau de aleatoriedade da vida, que julgo saudável, me parece mais razoável eleger poucas metas para o ano e focar no desenvolvimento de mais valores para a vida. Por exemplo, se você colocou como metas para o ano "fazer uma transição de carreira" e "publicar um livro", talvez tenha bastante dificuldade em “ir à academia 4 vezes por semana” ou “tirar uma certificação de idioma”. No entanto, se estiver decidido que as duas primeiras são sua prioridade, um valor como “cuidar mais da minha saúde” pode te ajudar a sair de casa para se exercitar ou se alimentar melhor. Algo como “demonstrar mais força de vontade”, pode ser o pretexto que você precisa para tirar um tempinho para estudar o idioma da vez ou se empenhar em escrever, mesmo quando não estiver muito a fim.

Depois dessa reflexão, acho que vale a pena viver cada dia como se não houvesse amanhã, mas planejar o ano novo como se houvesse outros. Ainda que você não alcance o resultado ideal nas áreas de menor prioridade ou que esse progresso não seja medido objetivamente no momento, a sua mudança de atitude contribuirá para deixa-lo em um ponto de partida mais favorável para o momento em que decidir prioriza-las.

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Hallison Paz
PerspectivadoHall

AI Graphics Researcher | Creator @Programação Dinâmica