As mulheres têm poder

Brenda Figueiroa
PET História UFS
Published in
4 min readJun 8, 2020
Foto: Reprodução / Fonte: Google Imagens

“Feministas: o que elas estavam pensando?”, é um documentário disponível na Netflix lançado em 2018 e produzido nos Estados Unidos pela cineasta estadunidense Johanna Demetrakas, que busca retratar mulheres norte-americanas da década de 70 usando fotografias. Essas fotografias foram feitas pela fotógrafa Cynthia MacAdams e publicadas no livro Emergência em 1979, nas quais elas representavam o seu melhor momento deixando para trás restrições culturais que sempre lhes foram impostas desde a infância de cada uma delas. Além de analisar a vida das mulheres fotografadas, refletindo as transformações culturais que ocorreram na época e a necessidade de mudança após reencontrar essas mulheres quarenta anos depois.

Entre décadas de 1960 e 1970, o movimento feminista nos Estados Unidos se consolidou como movimento político e então a partir disso muitas mulheres saíram às ruas com o objetivo de reivindicar direitos iguais entre homens e mulheres, direitos reprodutivos sobre seu próprio corpo, visibilidade lésbica e oportunidades de trabalho. Foram essas mulheres ativas e engajadas no movimento que a fotógrafa MacAdams fotografou resultando em fotos incríveis e inspiradoras.

Cenas do documentário. Imagem: Netflix / Reprodução

No documentário algumas dessas mulheres foram entrevistadas para relembrarem os momentos da ascensão do feminismo nos Estados Unidos e reverem as suas fotos, além de revelarem os motivos pelos quais se identificaram com o movimento feminista. Para a atriz Lily Tomlin, foi quando lhe disseram que não precisava ser talentosa quando já se era bonita e o da escritora Phyllis Chesler quando ouviu do reitor da Universidade, em que trabalhava, que era necessário escolher entre trabalho e filhos. Mas respondendo à pergunta que está no título do documentário “O que elas estavam pensando?”, certamente o mesmo que pensamos e ainda lutamos, 50 anos depois.

Assim como nós, elas perceberam que desde crianças existiam diferenças injustas entre homens e mulheres e que favoreciam mais a eles. Destacam a insatisfação, da segunda onda feminista (1970), sobre a pressão que sentiam para serem mulheres delicadas, sorridentes e atraentes a todo momento, além da mídia que romantizava o tempo todo a mulher dona de casa que vive feliz com os trabalhos domésticos servindo ao seu marido e sendo uma boa mãe. Jane Fonda, nascida nos anos 1930, fala que ouvia desde criança que mulheres têm que ser bem comportadas e educadas, nada muito diferente do que nós dos anos 1990 e 2000 ouvimos.

Jane Fonda. Imagem: Netflix / Reprodução

A ativista e feminista preta Margaret Prescod, relata que nos anos 70 enfrentava obstáculos no próprio movimento feminista, barreiras essas em que as mulheres pretas precisavam abrir mão de suas pautas pelo bem da maioria. Ela reforça ainda a necessidade de voz das mulheres pretas sem precisar abrir mão de suas causas. E aqui podemos ressaltar o que a socióloga estadunidense Angela Davis nos alerta em sua frase mais conhecida “Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirrascista.” (DAVIS, Angela).

Margaret Prescod. Imagem: Netflix / Reprodução

O que as mulheres estadunidenses pensavam em 1970 se iguala ao que nós mulheres feministas brasileiras lutamos hoje. As lutas pelo direito ao aborto, contra o assédio e o estupro, pela representatividade na política e no mercado de trabalho, pela igualdade salarial, cotas raciais e visibilidade LGBT+, estão em vigor desde aquela época e vêm ganhando bastante visibilidade no Brasil. Devemos aprender com essas mulheres que lutaram antes de nós e nos ensinam a reconhecer os nossos direitos usando-os para lutar não apenas por nós, mas também pela vida de outras mulheres com necessidades diferentes das nossas. Para termos um mundo de igualdade é preciso nos unirmos e encarar os problemas de frente não apenas se dizendo feministas, mas sendo, vivendo e lutando como tal.

Referências Bibliográficas:

FEMINIST: What Were They Thinkings?. Direção de Johanna Demetrakas. Estados Unidos: Netflix, 2018. (86 min.), son., color. Legendado.

SOUSA, Rainer Gonçalves. Feminismo: movimento que marcou as várias transformações ocorridas na década de 1960. movimento que marcou as várias transformações ocorridas na década de 1960. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/movimento-feminista.htm. Acesso em: 27 maio 2020.

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