Onde fica a justiça?

Luiz Maritan
Petardos & Canetas
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2 min readOct 18, 2016

Na última semana, não se discute outra coisa a não ser o lance do gol de Henrique, que daria o empate ao Fluminense contra o Flamengo, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ilegal, uma vez que o zagueiro estava impedido, o lance foi primeiramente confirmado pelo árbitro Sandro Meira Ricci. Depois de muita confusão, invasão de campo e bate boca, o gol foi anulado, atendendo o que o auxiliar havia anotado originalmente. Neste processo é que teria acontecido a intervenção externa, já que a arbitragem teria recebido informações de alguém que consultou as imagens da televisão.

Seguiu-se a isso uma gritaria de tricolores e palmeirenses, que disputam o título com o Flamengo. Em pauta, a ilegalidade da interferência externa para a decisão da arbitragem. Hoje, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva determinou a suspensão do resultado do jogo até que o caso seja julgado.

Pois bem, a interferência externa realmente não é permitida. Mas, o que não se discute é que a decisão final do árbitro foi a correta. Isso trouxe justiça ao jogo. Henrique estava impedido e se o jogador está impedido, o gol não pode valer, seja ele marcado por Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Fluminense, Coritiba ou Santa Cruz. Ou por qualquer outro time de qualquer campeonato do mundo.

O que parece nessa história toda é que não se busca a justiça, mas sim levar vantagem. É como a velha história do cidadão que grita contra a corrupção e contra os absurdos cometidos pelos poderosos — sejam eles poderosos públicos ou privados — e, depois, oferece uma caixinha a um policial para não ser multado. Ou faz mundos e fundos para não pagar os direitos a seus empregados. “Ora, a lei e a moral vale para os outros, mas não para mim quando posso levar vantagem”.

No futebol, isso fica muito claro quando treinadores e dirigentes vão berrar nos microfones quando são prejudicados e não falam nada quando são beneficiados. Ou seja, o erro é um absurdo quando cometido contra mim, mas é do jogo quando acontece a favor. É um casuísmo e uma hipocrisia que precisa acabar.

De verdade, não vejo esperanças de que a curto prazo teremos mudanças neste cenário. Tanto no futebol quanto na sociedade. Precisaríamos de gerações sendo evoluídas com educação de qualidade e noções básicas de cidadania para chegar a um ponto aceitável como país. Afinal, pelas demonstrações vindas de cima, os próximos brasileiros já estão com sua formação futura muito comprometida com as práticas de sempre para que se possa sonhar com algo novo. Algo que interessa a quem quer evoluir e não a quem quer deixar tudo como sempre foi.

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Luiz Maritan
Petardos & Canetas

Jornalista, contador de histórias que viram livros ou não e uma pessoa com fortes laços de amizade com o Zorro