Vamos pensar Petrópolis?

Philippe Fernandes
Philippe Fernandes
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2 min readApr 14, 2019

Decidi voltar a escrever. Entre uma série de fatores, algo em especial tem me movido nos últimos tempos: a necessidade de se debater e pensar em soluções para a minha cidade. Apesar de Petrópolis ser a sétima maior economia do Estado e ter uma qualidade de vida acima da média nacional, o que eu mais vejo, principalmente quando converso com pessoas da minha geração, é um completo desalento. Um misto de resignação e tristeza, fruto da estagnação econômica e da falta de boas oportunidades.

Já ouvi muito que “essa cidade não tem mais jeito”, “é assim mesmo”, “não adianta tentar mudar, pois é dar murro em ponta de faca”. Pois eu discordo completamente. É essa mentalidade que precisa ser transformada o quanto antes. Precisamos ser mais inconformados. Mais do que isso: transformar essa inconformidade em energia para fazer diferente. E cabe à nossa geração organizar e promover esse movimento. Inverter a lógica e dizer: tem jeito, sim!

Ou isso se inicia ou estaremos condenados a uma irreversível mediocridade. Não adianta esperar eternamente por um salvador da pátria, ou achar que cabe apenas ao poder público — esse que, em todas as esferas, mal consegue executar serviços básicos e essenciais — dar as respostas necessárias.

Temos aqui grandes talentos em todas as áreas: cultura, educação, ciência, tecnologia, saúde, meio empresarial etc. Somos hoje um grande polo universitário. Temos um dos maiores centros de inovação, pesquisa e tecnologia do país. E, em escala global, estamos no auge da Era do Conhecimento e da Informação.

Em todo o mundo, a busca por soluções e novas ideias tem se tornado constante, com a criação de laboratórios de ideias, os chamados “think tanks”. Se todas as forças se organizassem e aproveitassem o seu potencial para pensar em ideias e soluções, o nosso município teria todas as condições de decolar. Assumir seu papel natural de liderança geopolítica na região serrana, integrando os interesses comuns dos municípios do entorno; descobrir novas vocações e potencialidades econômicas; e buscar a resolução (por que não?) para os problemas cotidianos. Isso tudo de forma independente.

Não há como fugir dessa realidade: os gestores públicos costumam pensar mais em ações de curto prazo que podem ser executadas durante o seu período de governo, gerando capital político. Fica de lado o planejamento estratégico, que poderia gerar um legado produtivo e uma janela de oportunidades. Não se trata de demonizar a classe política ou criticar A ou B. Mas não dá mais para esperar. Creio, cada vez mais, que cabe à sociedade — eu, você, todos nós — organizar esse espaço, um fórum permanente de ideias e planejamento, conduzindo o seu próprio futuro e deixando para as próximas gerações um lugar melhor do que recebeu.

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Philippe Fernandes
Philippe Fernandes

Jornalista, petropolitano e vascaíno. Não repara a bagunça ;)