O cocktail favorito da Pier: uma dose de Produto, uma dose de Tech

Renato Mesa e os princípios do mix Produtech

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Pier. Stories
11 min readJul 29, 2021

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MAS AFINAL, QUEM É O MESA?

Renato Mesa, ou simplesmente Mesa, é parte do time de Produtech da Pier. Vindo de Campinas, o Mesa teve seu primeiro contato com a área de tecnologia em um curso de informática, mas foi só em 2006 que começou a se dedicar academicamente à ciência da computação na Unicamp.

Renato Mesa, Head de Engenharia de Software na Pier

Seu primeiro trabalho foi adaptar para o Brasil o lançamento dos primeiros modelos do Android pela Samsung. Lá ficou por 4 anos e meio, e também trabalhou no setor de impressoras, onde pôde se aprofundar em novas tecnologias para back-end, web e temas como Cloud, que são seus principais focos de atuação hoje em dia. Quando sua área foi extinta na Samsung, mudou para a Walmart.com para ajudar a desenvolver o e-commerce da empresa no Brasil.

Depois da Walmart.com, Mesa foi para o Ifood com o desafio de desenvolver uma plataforma de logística no app do zero. Naquela época, tinham um time equivalente ao que a Pier tem em tecnologia hoje, cerca de 30 a 40 pessoas. Mesa foi um dos responsáveis por desenvolver parte da aplicação que é utilizada até hoje pelos entregadores, tarefa muito complicada, pois o imediatismo da entrega da comida precisa ser o mesmo do funcionamento do app. A equipe precisa garantir no sistema que a entrega e o contato entre todos os envolvidos no processo irá acontecer em tempo real. Genial, né? Mas não era só de TI que o Mesa gostava…

“Apesar de ter um background técnico grande, tanto no curso técnico quanto na UNICAMP, aquilo não me contemplava 100%. Eu tinha curiosidades relacionadas a mim mesmo, à sociedade, além de percepções de lideranças que tive e como as organizações funcionavam.”

Por isso Mesa mergulhou no mundo das Ciências Sociais. Através de sua segunda graduação, Mesa conseguiu não só resolver suas dúvidas em relação a si próprio, como também desenvolveu uma visão mais pragmática das relações humanas. Conseguiu retomar também seu contato com o universo acadêmico, tornou-se mais sociável e ainda trouxe isso pro ambiente de trabalho. Mesa aprendeu não só a aprender sobre pessoas, mas também sobre como pensar pessoas.

Depois da passagem por empresas como Samsung, Walmart.com e com o desafio cumprido no iFood, Mesa sentia que precisava participar de algo desde o começo. Um desafio que casasse a experiência que desenvolveu ao longo de sua trajetória, somada às novas provocações que a área de humanas trouxe para sua carreira. Para isso, escolheu a Pier, segunda startup da sua carreira. Nem precisamos falar onde ele decidiu ficar, certo?

Mesa dando show na última confraternização presencial da Pier, nosso off site, em 2019

Eu trabalhei 2 anos como líder de engenharia na Pier, uma pegada construtiva. O Fifo, Rafael Oliveira, um dos fundadores e CTO, já tinha ideias de como estruturar o time. Mas para isso contou muito com a nossa ajuda, para entender e aplicar o que fazia sentido para a Pier. Ele sempre propiciou autonomia para que pudéssemos construir o ambiente ideal para o time de tecnologia trabalhar. Hoje assumo o papel de Head de Engenharia, com o objetivo de entender o time de maneira estratégica: como precisamos nos organizar para crescer, quais áreas devem ser prioridade, como reconhecer nossos profissionais e também entender qual o perfil de profissional devemos contratar para que nosso time cresça de maneira sustentável”.

Animado com o sonho de transformar o mercado de seguros e trabalhar pela primeira vez com o core do negócio, Mesa e muitas outras pessoas como Alice Iglesias, nossa Diretora de Produto e Operações na Pier, ajudaram a transformar aquela folha em branco do início proposta pelo Rafael no que conhecemos hoje como a área de ProduTech: a união entre os times de Produto e Tech na Pier. Mas para que essa união fosse não só natural como também capaz de gerar sinergia entre os times, foram criados princípios que servissem como direcionais estratégicos. Ajudaram também na concepção desses princípios figuras importantes como Gabgrow, Banduk, e outras pessoas de Produto, que vocês conhecerão em nossos próximos posts por aqui.

PRODUTECH e seus princípios

Esses princípios surgiram em 2019, quando o time de tecnologia começou a evoluir muito em tamanho. Até então não existia o time de produto, e de acordo com essa demanda, os times começaram a se estruturar melhor. Para Mesa, os princípios do time se unem aos valores da Pier:

“A abstração dos valores da Pier somados a como a gente acredita que um Produto inovador e diferenciado deve ser construído”

Com essa união, o time de engenharia de software e produto conseguiu enxergar mais a fundo que suas ações condizem com os valores da empresa como um todo.

“Os princípios definem o que é mais importante enquanto desenvolvemos a tecnologia e o que devemos fazer para construí-la”

A partir da formação dos times de Produto e Tecnologia, ambos elencaram juntos quais os princípios que realmente fariam sentido, de forma que não ficassem afogados em princípios, afinal, seria complicado dar conta de todos os 20 que inicialmente planejaram. Os times resolveram ficar com os atuais 6 princípios de Produtech, área criada a partir deles:

Os 6 princípios Produtech

1. Time Como Dono

O primeiro princípio é entender quais as prioridades e propósitos do time alinhados à visão estratégica da empresa. Depois que essas prioridades e propósitos são elencados pela equipe, esta precisa entender qual o impacto que ela pode ter nas demais equipes, se ela interfere de alguma forma no trabalho de outros times. Afinal, o time é responsável pelos seus próprios resultados e estratégias, tanto intra quanto inter times, o que faz com que a Pier tenha uma cultura de engajamento maior dos funcionários. Assim, são levantados problemas e soluções que são executadas em uma linguagem e estratégia comuns a todos. Mesa nos traz exemplos práticos desse primeiro princípio:

“Pela minha experiência no mercado tradicional atribuímos accountability a cargo e hierarquia, então existem práticas antigas em que o time é um executor e a parte da estratégia não necessariamente está ligada a quem a desenvolve. Existe toda uma cadeia que torna o processo burocrático. Como somos uma empresa ágil e engajada no nosso Produto, isso se reflete em como o time age para elaborar soluções e acompanhar os impactos e resultados.

Um exemplo é o ritual de Check in de OKRs, uma reunião semanal em que todo o time tem a oportunidade de visualizar os direcionais de produto, indicadores do que deu certo e o que deu errado, discutindo oportunidades de melhorias e novas soluções”.

Slide inicial do check-in de OKRs — Squad de Aquisição

“Outro ritual que considero essencial é o da retrospectiva periódica (semanal, por sprints ou trimestral), herdado do Scrum. É um espaço democrático que envolve todo o time e traz oportunidade para que todos reflitam e proponham mudanças para nosso dia a dia, visando sempre à melhoria contínua de nosso modus operandi. Afinal, os processo são um meio para que consigamos alcançar nossos objetivos, e não o fim.”

2. Resolvemos problemas, entregamos valor

Na Pier o objetivo não é entregar apenas tarefas, mas sim o valor inerente à elas. Entregar este valor ao membro ou ao cliente interno rapidamente é o que torna possível compreender se as soluções estão indo na direção correta. Ainda que rápido, o time se planeja para entregar o melhor possível, onde todos esses entendimentos e soluções são inspirados em uma base sólida de informações, em dados reais e tecnologias devidamente testadas.

O produto do seguro de auto, por exemplo, foi lançado inicialmente com o intuito de entregar valor para a empresa, entrar no mercado para conseguir entender o que o time precisava em termos de produto e experiência do usuário. O intuito desse princípio é solidificar esse valor através de atitudes concretas.

“A gente não pode ficar só no plano das ideias se queremos inovar no mercado, precisamos colocar em prática e coletar dados para evoluir”

3. Aprenda e melhore sempre: faça, teste, itere

Aprender é parte de qualquer processo na vida, e não seria diferente no trabalho. Errar é parte fundamental do processo de aprendizado, e só assim é possível o aperfeiçoamento de desempenho. Para isso, são necessárias a confiança e segurança para ousar e tomar riscos, desde que de forma calibrada, é claro! É sempre necessário considerar os trade offs e buscar melhorias. O time estar sempre estudando e a par das novidades do mercado também é fundamental, mas para isso, é preciso “incrementalmente deixarmos o ambiente melhor”, de acordo com Kaizen, frase que ajuda a guiar o terceiro princípio de Produtech.

De acordo com Mesa, o processo de desenvolvimento de produto e tecnologia não está apenas ligado à execução, quando você apenas executa segue um roteiro e uma direção que não necessariamente você sabe se está correta. O processo de Discovery que tem sido utilizado bastante no Agile, uma etapa que antecede a execução, é o principal guia desse princípio. O do time de Produtech se baseia em duas etapas: primeiro perceber o problema através de dados históricos, pesquisas de mercado, pesquisas com os usuários e depois entender o que precisa ser trabalhado.

Visão Geral do Processo de Desenvolvimento de Produtos na Pier

Um excelente exemplo é a identificação da necessidade de uma nova cobertura de seguros. Se não existir uma provocação do mercado e dos clientes, não existe como saber o quanto esse serviço é ou não relevante para eles. Depois de identificar essa necessidade, é preciso entender a capacidade do time para resolver esse problema. É aí onde são feitos os estudos de arquitetura do sistema e de experiência do usuário. É nesse momento que os PMs (Product Managers) conseguem tangibilizar o impacto no negócio, e arquitetar uma previsão de expectativa de retorno.

4. Foco nos usuários

Os usuários podem ser não apenas nossos membros, mas também nossos Piers, pensamos em todos como um grupo para esse princípio. Prover uma experiência encantadora em todos os pontos de contato é nosso primeiro objetivo: uma experiência que ao mesmo tempo é humana, carinhosa e que traz a resolução do problema. A priorização de tarefas é sempre feita com base na experiência do usuário, e buscamos um equilíbrio entre resolver os sintomas e causas raiz de cada um dos problemas. Procuramos atender nossos usuários assim como um médico trata seus pacientes, entendendo quem eles são e de onde vêm suas dores.

“Esse princípio está interligado ao nosso valor de encantamento. Toda vez que aplicamos uma nova funcionalidade, a gente tenta atender a dor para que de fato consigamos trazer uma melhora, não adianta criarmos um software que acreditamos ser o correto sem de fato fazer uma pesquisa. A construção do produto está plenamente vinculada ao desejo do usuário ou a necessidade interna da equipe.”

Um exemplo da aplicação desse princípio são as pesquisas qualitativas constantes, em especial dos responsáveis pelo design de produto. Eles categorizam as dores dos usuários, coletam feedbacks, apresentam protótipos, equilibrando com os outros princípios.

Dos produtos internos que temos, a vistoria de auto foi um excelente exemplo. Para que o nosso time de operação entendesse quem de fato operaria a esteira de vistoria, foi desenvolvido um software em conjunto com as equipes de risco e atendimento, visando assim otimizar a performance do time de operações.

5. Colaboração

A colaboração é baseada na confiança e no pragmatismo nas relações do dia a dia. Buscamos ajudar colegas e mais importante ainda, pedimos ajuda. Compartilhamos conhecimento, buscamos fazer a gestão de conhecimento e comunicação de mudanças significativas da forma mais eficiente possível. Ainda dentro de pedirmos ajuda, procuramos outras opiniões para decisões críticas, que podem impactar muito em algum processo, sejam elas internas ou externas (de dentro ou de fora do time). Por fim, é necessário reconhecermos as fraquezas do time, e para essas fraquezas, sugerimos melhorias.

Para que a experiência do usuário seja desenvolvida, é necessário entender como o usuário pensa, e não seria diferente para Produtech: se você não cuidar da relação entre o produto e a tecnologia com carinho e atenção, de acordo com Mesa, pode acontecer uma cisão. O time de produto precisa entender como esse produto funciona para o usuário, como é possível evoluir, e o time de tech é responsável por desenvolver, entender a arquitetura por trás desse produto, e como será possível viabilizar o que está sendo pensado.

Para suprir demandas em conjunto, é necessário que produto e tech estejam bem alinhados. Mesa nos trouxe o exemplo que, se Tech precisa entregar uma nova funcionalidade, o time de Produto não pode prometer entregar em duas semanas sem antes conversar com o time de engenharia.

“O fato de termos uma estrutura chamada Produtech faz com que os times trabalhem muito bem. Desde o discovery, ambos trabalham juntos — todo mundo quer evoluir o produto, mas existem trade offs dentro de cada área — por isso precisam se comunicar e ter rituais próprios”

6. Orgulho do nosso produto/engenharia

Conseguimos dizer hoje que construímos um produto que nos dá orgulho. Através de uma visão holística, entregamos pedaços pequenos, entretanto, bem entregues, com qualidade e não apenas funcionais, mas bem lapidados para que o conjunto funcione. Assim como um relógio, nosso produto é composto por várias engrenagens e pecinhas que fazem com que ele, como um todo, funcione perfeitamente. Desenvolvemos o produto sempre pensando para que sempre seja possível tanto a manutenção, quanto a evolução dele.

Nas palavras do Mesa, este é o princípio que guia todos os outros princípios: Focado em tecnologia, é ter a sensação de um trabalho bem feito. Não adianta entregar valor e tudo o que a empresa precisa, se não há uma base sólida de engenharia. Em trocas com o time de produto, o time de tecnologia é o principal responsável por passar dificuldades no funcionamento, problemas com bugs e experiência, e tudo aquilo que atrapalhar os outros princípios.

“A gente precisa fazer bem feito. Nossos sistemas tem arquitetura boa para nosso tamanho de empresa, e temos conseguido evoluir conforme a demanda dos produtos”

O time de tecnologia, por exemplo, antes de qualquer deploy faz o processo de pull requests, em que pelo menos mais duas pessoas da área de engenharia de software analisa o novo pedaço de código que entra no sistema. Por conta dessa automatização, a performance vai aumentando cada vez mais, e o trabalho em si é feito cada vez melhor.

E ai, curtiu? Então por que não viver na prática nossos príncipios e se juntar ao time de ProduTech da Pier?

Confira aqui nossas oportunidades em aberto!

Artigo escrito por Vitória Kos Orsi a partir de entrevista com Renato Mesa.

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