Escolhas (imagem retirada de https://pixabay.com)

Benjamin

Ursula
Pincel de Estudante
2 min readMay 9, 2017

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Benjamin, para nós, é sinônimo de possibilidades. Autonomia de escolha. Enquanto objeto, um benjamim pode ser um multiplicador de tomadas. Aquela peça em formato de ‘T’ que divide e distribui a energia de uma saída para múltiplos aparelhos domésticos. Ele te dá caminhos. Nessa nossa história, ele era um garoto de 13 com poderes similares. Chegou de mansinho e ampliou as alternativas que conseguíamos enxergar…

Estávamos no estágio acompanhando uma atividade proposta pela professora de Ciências para os nonos anos. A prática consistia em ler um pequeno texto descrevendo uma ilha fictícia, para construir, em seguida, um possível roedor que estivesse bem adaptado àquele ambiente. O animal seria montado com partes recortadas de uma ficha, assim, o educando poderia escolher, por exemplo, o tamanho do corpo ou o formato da cauda e dos dentes.

Mas enquanto a maioria recortava, pintava e colava as peças, a ficha de um deles estava colocada de lado. E quando perguntamos o porquê:

- Recortar é chato, eu já sei fazer isso. Preferi enumerar as partes [dos roedores], e colocar no meu caderno o roedor correspondente a ilha, e daí justifiquei por escrito.

Benjamim, aos 13 anos, já havia percebido que podia escolher, sabia como a atividade o serviria melhor. E a partir deste comentário, começamos a refletir sobre nossa própria aprendizagem, procurando por momentos em que tenhamos escolhido estratégias que servissem de fato a ela. Ele nos deu energia para refletir sobre nossas trajetórias escolares. Ali percebemos que raramente participávamos dessas escolhas. Pode ser que não nos tenham dado a oportunidade de sermos autônomas, ou que não pudemos perceber que ela estava lá. Mesmo na faculdade, levou um bom tempo para saber que existe a possibilidade da autonomia. Talvez esse episódio tenha sido o marco, de fato.

Esse processo de escolha ficou difícil de ser ‘desvisto’ e passou a ser assunto recorrente em nossas conversas. Ter essa consciência nos dá vontade de deixar explícito aos estudantes a possibilidade de escolhas de suas aprendizagens. Deixar que saibam que, se for cabível, eles podem adequar as atividades dos professores às suas necessidades de aprendizagem. E mais, que são livres para aprender o que quiserem. Sempre ouvimos que uma das funções do educador é ensinar o educando a aprender. Será que daí surge a autonomia?

Nessa história, o interessante é encontrar o educador da vez.

Benjamin nos ensinou a aprender.

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