Do melhor ao pior: os clássicos da Disney em versões live-action

Erick Rodrigues
Pipoca & Projetor
Published in
5 min readNov 26, 2018

O barulho provocado pelo lançamento do trailer da nova versão de “O Rei Leão” veio acompanhado de uma mistura de entusiasmo e nostalgia, que bateu forte nos espectadores, especialmente aqueles que já tinham a animação da Disney, lançada em 1994, em alta conta. Em 24 horas, a prévia da adaptação feita em live-action bateu todos os recordes de visualização de trailers do estúdio, gerando uma expectativa ainda maior pelo filme, com estreia marcada para julho de 2019.

É inegável que cenas, músicas e personagens de “O Rei Leão” estão fixados na memória do público, tendo muitos espectadores que cresceram assistindo a animação da Disney. O contato com as primeiras cenas da nova versão resgatou a nostalgia pela história e superou, inclusive, a repercussão dos próximos filmes do gênero que o estúdio vai lançar, entre eles, “Dumbo” e “Aladdin”, ambos com estreia marcada também para 2019.

De fato, o burburinho sobre “O Rei Leão” mostra que a Disney fez uma escolha inteligente quando decidiu resgatar suas animações clássicas e, com a ajuda da tecnologia, transformá-las em versões live-action, que combinam a captura de expressões e vozes de atores reais com o que há de mais moderno na computação gráfica. Em alguns casos, os atores de carne e osso se unem a esses elementos, ajudando a construir um novo universo de fantasia.

Por conta da expectativa gerada pelo trailer de “O Rei Leão”, resolvi listar, do melhor ao pior, as versões em live-action que a Disney lançou até agora. Para o ranking, escolhi levar em consideração apenas os longas dessa mais recente fase do estúdio, deixando de lado, por exemplo, “101 Dálmatas”, de 1996, que consagrou a Cruella de Glenn Close como uma das maiores vilãs do universo infantil. Também optei por focar nas adaptações das histórias mais clássicas da Disney, excluindo da lista “Meu Amigo, o Dragão” e o recente “Christopher Robin — Um Reencontro Inesperado”. Dito tudo isso, vamos aos longas:

OS CLÁSSICOS DISNEY EM LIVE-ACTION

1) Mogli — O Menino Lobo (2016)

Antes de tudo, preciso dizer que a animação da história de Rudyard Kipling, “O Livro da Selva”, nunca foi a minha favorita do universo Disney. Me surpreendi ao encontrar, na versão live-action de “Mogli — O Menino Lobo”, o melhor filme do gênero que o estúdio já produziu até aqui. Com direção de Jon Favreau, a temática mais infantil foi deixada de lado e a história ganhou tons mais sombrios, aumentando o interesse do espectador pelos caminhos do garoto criado por lobos. Outro ponto importante do filme é a interpretação dos atores, que emprestam vozes precisas aos personagens criados em computação gráfica, com destaque para Idris Elba, como o tigre Shere Khan, e Scarlett Johansson, que faz a cobra Kaa. É o grande acerto da Disney nessa empreitada!

2) A Bela e a Fera (2017)

Outro clássico que sempre esteve na memória do público, “A Bela e a Fera” ganhou uma festejada versão em live-action no ano passado, que se destacou pela reedição dos números musicais e pelo visual inspirado, ainda que alguns personagens tenham perdido a força das expressões faciais na transição entre a animação e os efeitos de computação gráfica. Emma Watson consegue ter menos carisma que a personagem em versão animada, mas também não compromete o resultado final, que ganhou sequências e músicas inéditas. O longa também explorou um aspecto diferente da história infantil ao retratar mais abertamente a paixão de Lefou (Josh Gad) pelo vilão Gaston (Luke Evans). O resultado não supera a animação, mas representa bem a nova proposta da Disney.

3) Alice no País das Maravilhas (2010)

Pelas mãos de Tim Burton, “Alice no País das Maravilhas” transportou a clássica animação da Disney para um universo mais sombrio. Ainda era o mesmo lugar que a jovem Alice (Mia Wasikowska) tinha descoberto ao perseguir um coelho branco, mas a história ganhou novos personagens e abordagens diferentes para tipos já conhecidos. A busca pela construção de algo diferente, no entanto, fez Burton pesar a mão e exagerar na quantidade de novidades que cercavam a protagonista. Também faltou ao roteiro um apelo mais emocional junto ao público, que viu a predominância de uma preocupação estética. O resultado é mediano, ajudado pelos desempenhos de atores como Alan Rickman, Helena Bonham Carter e Johnny Depp, o parceiro mais fiel de Tim Burton.

4) Cinderela (2015)

É claro que uma das princesas mais famosas do universo Disney não ia ficar de fora dos planos do estúdio para a construção de um novo universo. A escolhida para se transformar na Gata Borralheira foi a sempre carismática Lily James, que segura a personagem com dignidade. Outro ponto positivo do filme é a presença de Cate Blanchett, que empresta elegância a Lady Tremaine, a temida madrasta que, por muito pouco, não impede que o Príncipe Encantado (Richard Madden) descubra quem era a dona do sapato de cristal. A versão live-action de “Cinderela”, no entanto, não tem uma estética muito bonita, perdeu força em relação ao espírito de fantasia da animação e ainda escalou mal a ótima Helena Bonham Carter para o papel de Fada Madrinha, que não combina com ela e, por consequência, não funciona.

5) Malévola (2014)

Angelina Jolie deveria ter seguido com seus projetos de ação ou com o desejo de ser uma diretora, mas aceitou viver uma das maiores vilãs do universo infantil e mostrou que não combina nada com ele. A proposta até era interessante: mostrar o outro lado do clássico infantil, focando na humanização de Malévola, a bruxa que amaldiçoa Aurora (Elle Faning), a Bela Adormecida. Além de não ter conseguido emprestar nenhum carisma à vilã, Angeline Jolie ainda foi prejudicada pelo péssimo e contraditório roteiro, que se perdeu no objetivo de humanizar Malévola e enfraqueceu a personagem com escolhas e justificativas que não condiziam com as referências originais. A estética de “Malévola”, é importante dizer, é estranha e não favorece nem um pouco a versão live-action.

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