“Vingadores: Ultimato” cumpre expectativas e entrega homenagem ao universo Marvel

Erick Rodrigues
Pipoca & Projetor
Published in
4 min readApr 26, 2019

“Parte da jornada é o fim”, já avisava Tony Stark (Robert Downey Jr.) no trailer de “Vingadores: Ultimato”, quarto filme da reunião de heróis que, agora, está em cartaz nos cinemas. De fato, o longa foi pensado como uma despedida do Universo Cinematográfico Marvel construído até aqui, feita através de uma homenagem à trajetória de sucesso percorrida pelos longas anteriores. Como não poderia deixar de ser, a conclusão dos acontecimentos iniciados em “Guerra Infinita” também funciona como um recomeço.

Para evitar que qualquer spoiler importante sobre “Vingadores: Ultimato”, não vou fazer um resumo detalhado da história, justamente para não estragar a diversão de ninguém. O que é possível dizer é que a trama mostra os heróis tendo que lidar com as consequências do estalar de dedos de Thanos (Josh Brolin), que, no longa anterior, usou as Joias do Infinito para pulverizar metade da população do universo. Para isso, os Vingadores traçam uma estratégia para localizar o vilão, recuperar os artefatos e reverter a ordem dada pelo antagonista.

Logo no primeiro ato do filme, chamemos assim, o roteiro já traz, pelo menos para mim, uma surpresa. “Vingadores: Ultimato” resolve rápido uma das questões principais do longa anterior e isso, de certa forma, deixa o espectador “desarmado” e livre de quaisquer teorias que podem ter sido alimentadas ao longo da espera pelo lançamento da história. Essa é uma opção muito inteligente do roteiro, que rompe com as ideias pré-concebidas de quem assiste para, em seguida, conduzir o público por um caminho inesperado e dos mais interessantes.

“Vingadores: Ultimato” começa com um tom melancólico, por conta da ação de Thanos no filme anterior, mas não era difícil prever que esse sentimento, que domina os personagens centrais, aos poucos, seria substituído pela esperança dos heróis em reverter a ação do vilão. A Marvel não abre mão da fórmula consagrada pelo estúdio, que adiciona a ação e o humor ao drama dos protagonistas, o que continua funcionando e agradando o público.

Particularmente, a insistência de quebrar o fluxo de algumas sequências com piadas já me incomodava em alguns filmes anteriores desse universo e aqui não é diferente. O efeito disso é, inclusive, mais perceptível em “Vingadores: Ultimato”, que tem o ritmo constantemente interrompido pelas observações engraçadas de algum personagem. Não é nem o caso de dizer que essas interferências não têm graça, apenas é importante salientar que elas criam um descompasso na narrativa e, com frequência, “quebram” emoções pretendidas. Apesar do meu ponto de vista, a maioria continua respondendo bem a essa fórmula, o que a torna válida.

Ainda sobre a trama do longa, não dá para dizer que ela se sustenta por soluções absolutamente originais, mas a verdade é que isso não tem a menor importância. “Vingadores: Ultimato” é um entretenimento que funciona do início ao fim, muito coerente com a proposta do universo apresentado ao longo dos últimos onze anos. Não dá para dizer como, mas o enredo funciona, inclusive, como uma grande homenagem aos filmes anteriores.

Gosto da forma como os personagens são desenvolvidos em “Vingadores: Ultimato” e como a história também vai além dascum teorias que muitos fãs tinham sobre a importância dos heróis nesse desfecho. A escolha por sustentar a trama em alguns deles, sem esquecer de valorizar outros, se alinha à necessidade em encerrar esse ciclo do universo Marvel. Destaco as trajetórias do Homem de Ferro, Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Clint (Jeremy Renner) e do Homem-Formiga (Paul Rudd). Também é muito bom ver Nebulosa (Karen Gillan) ganhar mais tempo de tela e ter uma participação importante na trama. Não gosto da construção do Hulk (Mark Ruffalo) e acho que ele até termina essa fase desvalorizado.

“Vingadores: Ultimato” é tudo que os espectadores esperavam ver, ainda que eles se surpreendam com a forma como a história é conduzida. O filme causa uma comoção na plateia, que vibra com a trajetória dos heróis e se emociona com o desfecho de alguns deles. Além de cumprir com as expectativas de ser um ótimo entretenimento, o longa ainda funciona como uma homenagem ao universo Marvel construído até aqui e que, evidentemente, vai continuar a render muitos frutos. Por isso, além de representar o fim, a obra também é um recomeço.

As virtudes do cinema não são medidas apenas pelos chamados filmes de arte, mas também por produtos de entretenimento como “Vingadores: Ultimato”, que fazem a plateia se empolgar pelo êxito de um herói, prender a respiração por conta da ameaça de um vilão e se emocionar pelos sacrifícios que podem salvar toda a humanidade. Isso é cinema, e dos bons!

VINGADORES: ULTIMATO

COTAÇÃO: ★★★★ (ótimo)

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