Black Mirror: Bandersnatch (2018)

O universo de Black Mirror, em parceria com a Netflix, inova e traz Bandersnatch, um filme interativo que levanta questões existenciais

Cainan Silva
pipocainan
3 min readDec 28, 2018

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Foto: Divulgação

O livre arbítrio existe? Esse é um dos temas recorrentes do filme lançado pela Netflix. Coincidentemente, essa semana eu entrei nessa discussão com um amigo meu. Ele acredita que não. Estaríamos nós, de acordo com ele, apenas tomando decisões que fomos programados para tomar. Discordei, talvez, rápido demais, sem pensar o suficiente no assunto. Estaria, agora, Black Mirror, me dando uma segunda chance para repensar nisso?

Ambientado — de forma muito bem feita, diga-se de passagem — na primeira parte dos anos 80, o filme reproduz o mesmo efeito causado pela outra série da Netflix, Stranger Things. Utilizando a trilha sonora, figurinos, videogames e outros elementos da cultura pop que foram eternizados nesta década para criar algo nostálgico. Falando em videogame, em diversos momentos, fiquei em dúvida se, realmente, podia chamar a experiência que eu estava tendo de assistir a um filme ou de jogar um jogo. Sem medo de extrapolar da metalinguagem ou de quebrar a quarta parede, Bandersnatch é um filme que permite a interatividade. Enquanto acompanhamos o protagonista Stefan (Fionn Whitehead), podemos fazer escolhas que terão consequências durante toda a sua jornada. Os finais para o filme são diversos, e é possível que a experiência de 90 minutos torne-se um pouco mais longa, caso você tome uma decisão “errada” (livre arbítrio?) e tenha que voltar para outro ponto da experiência.

Foto: Divulgação

Stefan Butler é um programador de jogos de videogame que decide adaptar um de seus romances favoritos em um jogo. Tanto o livro quanto o jogo que ele pretende desenvolver tem como característica principal a possibilidade de seu leitor/jogador decidir diferentes caminhos para seguir. Ele começa a duvidar disso após conhecer seu ídolo, outro jovem desenvolvedor de jogos, Colin Ritman (Will Poulter), lhe explicar algumas coisas sobre as diversas linhas do tempo alternativas. Outros personagens importantes que compõe a saga de Stefan são o seu pai, Peter Butler (Craig Parkinson) e a psiquiatra que trabalha com ele para lidar com traumas do passado, Dr. Haynes (Alice Lowe).

Foto: IGN Brasil

Quem já acompanha a série Black Mirror irá aproveitar os famosos easter eggs, de antigos episódios, que aparecem em abundância durante Bandersnatch. Os elementos que fizeram a série se tornar o fenômeno que é estão todos aqui. Afinal, o grande idealizador, Charlie Brooker escreve o roteiro do filme. David Slade é o diretor, e se a responsabilidade de Brooker era criar diversas narrativas possíveis dentro de um mesmo filme, Slade precisa fazer com que esse mecanismo funcione sem se tornar cansativo para o espectador. Ambas as missões são concluídas com êxito. Ao alcançar um fim, eu já estava ávido para descobrir mais e chegar a outros finais.

A grande questão que fica após participar desse evento de Black Mirror, como a Netflix chamou, é se temos o controle das nossas ações? As escolhas que tomamos são motivadas pelo quê? Mais uma vez, o universo de Black Mirror -brilhantemente - dá muito o que pensar e assunto de sobra para inundar as redes sociais com teorias.

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Cainan Silva
pipocainan

Há muito tempo eu já sabia que nem tudo é céu azul, que há também melancolia na vida de cada um