Crítica: Miss Americana

Cainan Silva
pipocainan
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2 min readFeb 2, 2020

Não é todo dia que aparece a oportunidade de ver Taylor Swift dizendo um palavrão. A imagem que ela mesmo criou é de uma “boa menina”, designada a sorrir e se comportar. No entanto, neste documentário, dirigido por Lana Wilson, Taylor deixa claro que não é mais essa menina. Tornar-se a mulher que ela é hoje foi uma jornada repleta de altos e baixos para a cantora e, pela primeira vez, ela deixa mostrar alguns de seus momentos mais vulneráveis.

O ponto alto de Miss Americana é, sem dúvidas, a forma como Swift utiliza o documentário para expor sua visão política. Rodeada por muitos privilégios durante sua vida e vindo de um gênero musical onde os artistas não expressam suas opiniões, Taylor demorou, mais do que deveria, como admite em algumas cenas, para se posicionar politicamente. Mesmo quando se sentiu pronta, ainda teve de “convencer” os outros ao seu redor de que deveria fazer isso.

Conseguir aprovação das pessoas foi algo importante na vida da estrela desde o começo de sua carreira. Muitas foram as vezes, conforme exibido no doc, que ela moldou seus planos em torno desse ideal. Numa das cenas em que ela está mais vulnerável, a cantora revela, inclusive, ter sido afetada no âmbito de sua saúde e forma física por conta dessa necessidade de aprovação.

Embora seja honesto e cumpra a função de mostrar uma faceta mais íntima de Taylor, o documentário poderia ter explorado mais os seus tópicos mais interessantes, como a política e a relação da cantora com o público LGBT. Nos momentos finais, contamos, ainda, com as reflexões e incertezas de seu futuro na indústria. Mesmo sem saber quais serão seus próximos passos, o espectador pode, agora, se relacionar com a sua trajetória por meio de Miss Americana.

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Cainan Silva
pipocainan

Há muito tempo eu já sabia que nem tudo é céu azul, que há também melancolia na vida de cada um