Crítica: Tudo Bem No Natal Que Vem (2020)

Cainan Silva
pipocainan
Published in
3 min readDec 23, 2020

Todo ano, por volta de dezembro, eu gosto de assistir a algumas produções de temática natalina. Com a Netflix, isso ficou mais fácil, afinal, a gigante dos streamings produz muito conteúdo sobre o tema. Em 2020, ocorreu algo diferente de outros anos: uma grande produção natalina nacional. Estrelado por Leandro Hassum, o projeto nos aproxima da realidade da época que vivemos em nosso país. Se nos filmes de Hollywood a neve é presença confirmada, aqui, o calor do Rio de Janeiro dá as caras através da ida do protagonista a um mercado, enfrentando o trânsito e a alta temperatura. Tem, também, a piada do pavê, o cunhado pedindo dinheiro e clichês do gênero.

Os problemas do protagonista Jorge (Hassum) com o Natal começaram em seu nascimento, o mesmo da data comemorativa. Por isso, desde criança, seu aniversário tem sido ofuscado e, por muito tempo, ele decidiu ignorar o feriado. A decisão dura até ele conhecer Laura (Elisa Pinheiro), casar com ela e ter filhos. Ele é inserido, então, nas tradições natalinas da família dela. Quando ela pede para ele se fantasiar de Papai Noel e subir no telhado para encenar a entrega de presentes para as crianças, Jorge acaba se acidentando e batendo a cabeça. A partir daí, ele só consegue ter lembranças da véspera de natal de cada ano.

O roteiro de Paulo Cursino utiliza bastante de repetições para ilustrar as repetições em que o personagem está inserido. O filme segue nessa linha até acostumar o espectador com o que está acontecendo. Elementos como faixas e calendários são inseridos para auxiliar na tarefa, tornando ela um pouco óbvia demais. No entanto, passada essa fase de acomodação, o longa se permite experimentar um pouco mais. Uma crise no casamento, o crescimento dos filhos e questões de saúde fazem com que Jorge questione suas escolhas de vida e embarque numa jornada de reflexão.

Danielle Winits, parceira de longa data de Hassum no cinema, rouba a cena como a secretária Márcia, apesar da curta participação. A dupla interage com facilidade e muda a dinâmica do filme, acrescentando novas ambientações e situações cômicas. Aos poucos, a comédia vai sendo deixada de lado e o drama toma conta. Esse, talvez, seja o grande trunfo do filme. Por se tratar de algo diferente que o ator tenha feito em sua carreira, o espectador fica de guarda baixa e é pego de surpresa pela mudança de rumo na trama.

Não dá pra negar a inspiração de Tudo Bem No Natal Que Vem em outros títulos que utilizam de elementos similares para contar sua história, como o clássico Click, estrelado por Adam Sandler. Os méritos ficam por conta da representatividade de um pouco da nossa cultura em filmes do gênero de natal, tornando possível não recorrer aos clássicos de outros países. Ele demora um pouco para chegar em seus melhores momentos, mas diverte bastante e procura ser mais do que isso, reforçando a importância da família.

Trailer:

--

--

Cainan Silva
pipocainan

Há muito tempo eu já sabia que nem tudo é céu azul, que há também melancolia na vida de cada um