6 documentários para conhecer travestis, transexuais e bichas fodas

#VisibilidadeTrans: Conhecimento constrói um mundo melhor

Antonia Moreira
Pirata Cultural
4 min readJan 29, 2018

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29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data criada pelo Ministério da Saúde em 2004, em conjunto com a divulgação da campanha “Travesti e Respeito”, que tinha a intenção de ampliar o reconhecimento por parte da população dos direitos de pessoas trans.

Hoje é um dia de luta, e não somente para travestis e homens e mulheres trans, mas sim para àqueles que lutam pelos direitos humanos e por dignidade à todos.

Muitas vezes esquecido, o T da sigla LGBT vêm ganhando mais espaço no debate, graças a militantes incisivas e que acreditam que o país pode mudar — o Brasil é o lugar mais violento do mundo para essas pessoas.

Como parte importante da construção do imaginário social, o cinema e, mais especificamente, o documentário têm o poder de trazer novas narrativas, naturalizar vivências e evidenciar opressões, e em uma tendência temos visto produções que abordam a vida de travestis e pessoas trans, recontando suas histórias de vida e dando o merecido destaque.

Abaixo, listei 6 docs, que já estrearam ou estão para estrear, que fazem a diferença nesse mundo mais justo e acolhedor pelo qual lutamos.

A Morte e Vida de Marsha P. Johnson

O documentário tem a intenção de reviver a história de Marsha, que ao lado de Sylvia Rivera (que possui grande destaque na produção), fundaram a Transvestites Action Revolutionaries, grupo de ativistas nos Estados Unidos.

Marsha era símbolo LGBT em seu país, foi pintada por Andy Warhol e terminou sua vida às margens do rio Hudson. Seu caso foi arquivo e até hoje não foram encontrados culpados.

Para entender o movimento LGBT americano esse documentário é fundamental e bastante simbólico. Está na Netflix.

Divinas Divas

A atriz Leandra Leal conduziu a direção dessa obra de maneira pessoal e emotiva, e o resultado foi magnifico. O espetáculo “Divinas Divas” ficou por dez anos em cartaz no Teatro Rival e a obra retrata as brilhantes atrizes travestis na década de 1960.

Em plena ditadura, elas lutaram para mostrar seu talento e obter respeito, e tornaram-se uma grande referência para a militância atual. O Henrique Nascimento falou mais do doc nessa ótima crítica.

Meu Corpo é Político

Lançado no ano passado e com direção de Alice Riff, o documentário conta o cotidiano de quatro pessoas trans: Linn da Quebrada, Paula Beatriz, Fernando Ribeiro e Giu Nonato.

Bastante delicado, a proposta de Riff aborda as relações, as dificuldades, desafios e, claro, as delícias em ser transexual.

Dandara

O Brasil conheceu Dandara de forma trágica: um vídeo que viralizou, onde era possível vê-la sendo espancada por cinco homens em Fortaleza.

Os diretores Flávia Ayer e Fred Bottrel abordam a vida da travesti que morreu de maneira violenta, como grande parte dessa população, a partir da repercussão inédita que ganhou na mídia.

Luana Muniz — filha da Lua

Ainda no circuito de festivais, “Filha da Lua” resgata Luana Muniz, famosa travesti carioca e símbolo de resistência. Luana, ou melhor, seu bordão, ganhou fama no país todo após um vídeo em que batia num cliente ser exibido pela Globo.

“Tá achando que travesti é bagunça?” ela gritava, enquanto estapeava o rapaz.

Polêmica e desbocada, Luana também foi ativista e fez a diferença no acolhimento de travestis no Rio. No trailer abaixo você pode conhecer um pouco mais dela — provavelmente já a viu em alguma manchete por aí.

Luana morreu no ano passado, aos 59 anos de idade, por complicações de uma pneumonia. Todavia, deixa um grande legado e agora esse filme para as próximas gerações.

Bixa Travesty

Esse documentário consagra Linn da Quebrada como uma das mais importantes vozes do ativismo trans no país, e leva sua história para o mundo — ele foi selecionado para o Festival de Berlim, que acontece no próximo mês.

A obra com direção de Kiko Goifman e Claudia Priscilla narra a ascensão de Linn, que chamou muita atenção em 2017 com seu disco de estreia, “Pajubá”.

Linn fez campanha publicitária, parcerias musicais e saiu em diversos veículos, despontando como alternativa ao funk de sempre.

O primeiro trailer do doc saiu na semana passada, veja:

Bônus: Paris Is Burning

O que falar de Paris Is Burning?

Esse bônus é pra bater palmas a um documentário importantíssimo para o movimento LGBT do mundo todo, não somente o americano.

Retratando a cena da balls na Nova York dos anos 1980 e seus integrantes LGBT’s negros, latinos, gays e travestis, “Paris is Burning” traça uma linha sobre violência policial, estigma social, mas também de companheirismo entre pessoas marginalizadas, trazendo ótimas figuras.

Em 2016 foi selecionado para preservação na biblioteca do congresso americano, por ser culturalmente, historicamente ou esteticamente relevante.

A Netflix tem o filme no catálogo.

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Antonia Moreira
Pirata Cultural

Bixa travesty em demolição. Redatora e produtora cultural.