#Conheça: O trio “Não recomendados” é a melhor coisa que você vai ouvir hoje

Pop nacional de primeira, grupo busca quebrar padrões e questionar o Brasil atual.

Antonia Moreira
Pirata Cultural
4 min readNov 19, 2017

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Foto: André Hawk

Nenhum deles é novato, na verdade esse texto está alguns anos atrasado, de qualquer forma não é tarde para falar do trio “Não Recomendados”, formado pelos cantores e compositores Caio Prado, Diego Moraes e Daniel Chaudon. Talvez você já conheça a música “Não recomendado”, de autoria de Caio, e que esteve presente em seu primeiro álbum “Variável Eloquente” (2014), digo talvez conheça, pois a canção já foi interpretada nas vozes de Liniker, Maria Gadu e Johnny Hooker, além de ser interpretada pelo trio em seus shows.

Os três formam um cabaré incrível em palco, uma performance que questiona o gênero, o preconceito e se transforma numa ode à liberdade — o que o Brasil mais precisa nesse momento tenso em que vivemos —, além de representarem as bichas pretas que não vão mais ficar escondidas e dentro da caixinhas que nos impõem.

Suas inspirações vão de Secos & Molhados a Gilberto Gil, passando por Chico Buarque, Cazuza, Dzi Croquettes e pagode dos anos 1990. Tudo o que ajudou a formar suas identidades e quem são hoje. Já dividiram palco com Ney Matogrosso, Karina Buhr e as Bahias e a Cozinha Mineira e, desde 2016, são hit no meio underground da música brasileira. Agora são promessas para 2018, com discos solo, explorando suas individualidades. Se já estou apaixonado pelo trio que ainda não tem um álbum, imagina ter uma nova obra de cada um!

O mais legal é notar como sonoramente eles são diferentes quando comparamos suas produções solo, mas quando se encontram, juntos, são capazes de iluminar suas diferenças e buscar pela unicidade, nos levando à um show lindo e impactante.

Diego Moraes

O rapaz tem uma pegada no jazz deliciosa e lançou em agosto o clipe da ótima “Muderno”, um hino jovem sobre nossas vidinhas de trabalhadores mal pagos e festinhas baratas. Diego já possui dois álbuns ao vivo, com canções autorais e regravações. Participou do “Ídolos”, reality musical na TV Record em 2009, o que o projetou nacionalmente. Diego foi o que mais me chamou atenção inicialmente por seus vocais e os discos já lançados, feitos pra cantar de peito aberto como ele bem o faz.

Diego tem um canal ótimo no YouTube, e me encantei por ele fazendo miojo com requeijão (❤) e contando sobre a composição de “Muderno”, feita em seu tempo em Campinas, onde moro atualmente.

Caio Prado

A voz de Caio é a mais singular entre os três — por singular não quero dizer melhor, mas é possível ver como ela faz a diferença no trio e chama a atenção. Em seu álbum de estreia, “Variável Eloquente”, Caio nos mostra suas letras tão poéticas “meu bem me quer, mal me quer, meu bem me ama mas sofre de maldade, faz o mal querendo sempre o bem”. Suas letras constroem um imaginário que tantas pessoas precisam ouvir, por nunca terem essa representação nas artes antes ou, de certa forma, não de maneira sistemática comparado às letras sobre amores e uma vida tão distante de pessoas marginalizadas.

Na última semana lançou o primeiro single de seu segundo disco “É proibido estacionar na merda”, numa vibe mais pop, com mistura de batidas eletrônicas e instrumentos como berimbau, que dão um tom único à canção.

Daniel Chaudon

Também participou de um reality de música, o Fama, da Globo em 2004, e isso deu visibilidade para o rapaz se lançar no mercado e descolar música em trilha de novela, uma parceria com a Mart’nália. Talvez por isso já o conheça por aí. Assim como os outros, contudo, o cantor se transforma em palco como um dos “Não Recomendados”, mostrando todo seu talento e diferenciando-se bastaaante do álbum que já lançou.

Trilha de novela meu bem!

Não recomendados são, desculpa o trocadilho, mais que recomendados, uma pérola em meio ao pop queer que tá batendo de frente com o conservadorismo gritante que estamos passando. Na semana em que pesquisa do Instituto Ideia Big Data revelou que os brasileiros não são tão conservadores assim, o que comprova que esse momento é uma tendência incitada por um grupo que soube se mobilizar, fica a esperança de que artistas como o “Não Recomendados” e outros que ajudam nas artes a construir o país que queremos possam fazer sucesso também e mobilizar quem respeita a diversidade de corpos e vidas.

Se quiser se jogar, assim como eu, na vibe dos três, aqui tem uma entrevista pra conhecê-los um pouco mais.

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Antonia Moreira
Pirata Cultural

Bixa travesty em demolição. Redatora e produtora cultural.