Mídia e Psicologia: onde foi que a gente se perdeu?

Tassiana Santos
Pirata Cultural
Published in
3 min readAug 31, 2017

Parece que para a TV e grande mídia é mais fácil mostrar modelos de maus psicólogos.

A Psicologia já sofreu muitas crises. E justamente nesse mês de Agosto, em que a profissão completa 55 anos no Brasil, seria importante relembrar algumas crises não solucionadas e agravadas pela desinformação e também dá pra contar com um “deserviço” da grande mídia com imagens tantas vezes equivocadas do psicólogo e suas práticas em novelas, entrevistas, shows, etc.

Vamos pensar na norma, por exemplo. A mídia dissemina uma norma feita por alguns. Já parou para pensar que norma é essa? Vamos pegar o exemplo do que é loucura: sem olhar nos dicionários, manuais de psiquiatria, loucura é o que foge a norma. Mas a norma de quem? Não é interessante fazer uma crítica sobre isso? Portanto, dizer ao público que o que foge a norma não serve para a sociedade, taxá-lo como excluído ou como doença seria mais interessante para criação de um padrão e a mídia utiliza-se dos saberes científicos de forma errônea para legitimar isso.

Ontem liguei a TV, depois de alguns meses de período sabático desse aparelhinho que ocupa lugar na minha sala. E lá vem de novo aquela história de Psicólogo na novela. Na cena, as pessoas falavam de cura pela psicologia e o assunto em questão era a homossexualidade e transsexualidade. Lembra da “cura gay”, um “boom” entre maus profissionais, usando a ciência para legitimar uma mentira? Isso ainda não foi superado, então para que possamos continuar essa conversa, queria dizer uma coisa: Homossexualidade e transsexualidade NÃO SÃO DOENÇAS. Partindo daí, já excluímos da equação a função de cura relacionada a essas questões, função essa que é delegada ao Psicólogo. Acontece que a televisão quer modelos, quer ditar uma norma para ser seguida e começam aí muitas confusões que envolvem profissões diversas. Nenhum problema com quem quer e escolha com autenticidade seguir o caminho de normatização feito pela mídia, mas vamos só pensar um pouco sobre a palavra norma (pode voltar no segundo parágrafo, voltei lá algumas vezes até repensar o conceito).

A Psicologia, profissão que tem como base a busca de caminho até seu eu, a busca de autenticidade e sinceridade nas escolhas, usada para disseminar o ódio através da homofobia, transfobia e lesbofobia? Existem aí alguns equívocos claros que tem afastado quem precisa de ajuda; não há nada de errado em ser quem você é, mas em um mundo onde todos parecem querer ser iguais, a gente fica, às vezes, meio fora do lugar. Este artigo não tem por finalidade explicitar os feitos e deveres éticos do psicólogo, nem mesmo se aprofundar numa crítica a mídia. Ele foi feito como um convite: um convite a questionar o que soa estranho, questionar a Psicologia que a TV lhe apresentou, questionar a si mesmo e não ter medo de pedir ajuda, se esse for o caso. Pois é assim, “Tornando plural, o singular de cada um” trocamos informações, chegamos a conclusões e vamos quebrar essa barreira que nos impede de enxergar a verdadeira Psicologia. Psicólogo cuida de gente e nada mais bonito que gente que busca a si mesmo e encontra toda beleza de ser quem é.

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