Mansa Musa: O homem mais rico que já pisou na Terra.

Em sua peregrinação a Meca, em 1324, Musa levou tanto ouro que o preço desse metal caiu por 10 anos.

Andressa Vasconcelos
Pirata Cultural
3 min readOct 26, 2018

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Provavelmente quando falamos em África, a primeira coisa que lhe venha a cabeça seja a falsa crença de que seja um continente tribal ou, no mínimo, extremamente pobre. Esqueça tudo o que um dia fizeram você acreditar. Não acreditem nos “heróis”.

Kanku Musa, nome que significa “Moisés, filho de Kanku”, foi o 10º Imperador do Mali, em 1312, quando tinha 32 anos. Musa era sobrinho-neto de Sundiata Keita, que havia fundado o Império a cerca de apenas 80 anos antes.

Muçulmano, vinculado ao islamismo africano, Musa resolve cumprir a hajj, que determina que todo muçulmano adulto e sadio deva visitar Meca. Então, em 1324, Mansa Musa o fez.

Em 1324, Mansa Musa vai em peregrinação a Meca e leva consigo 60 mil homens, entre eles historiadores e testemunhas da época.

80 camelos, carregando entre 50 e 300 quilos de ouro em pó cada um; 12 mil servidores; vestindo sedas e carregando vasos com ouro; 500 servas, trazidas por sua esposa, Inari Kunate.

Segundo historiadores da época, essa viagem durou cerca de um ano, uma vez que o Mali e Meca ficam em pontas opostas da Africa, sendo preciso então atravessar todo o continente. Já no Egito, Musa enviou um presente de 50 mil dinares ao sultão. O sultão então ofereceu-os o palácio de verão, para que ficassem cerca de três meses e certificou-se que sua comitiva fosse bem tratada.

Musa, durante toda a peregrinação se mostrou generoso, doando ouro por onde quer que passasse. Conta-se que os comerciantes egípcios então aumentaram suas mercadorias para até 500% do valor original, assim desvalorizando a moeda egípcia de forma qual não conseguiu se recuperar pelos então próximos 20 anos.

Quando voltou ao Mali, Mansa Musa soube que um dos seus generais havia recuperado a cidade de Gao, que outrora havia sido o centro do comércio e do império. Com essa notícia, Musa voltou a cidade e trouxe consigo de refém os dois filhos do então rei de Gao, e passou a educá-los em sua corte. Também nesse retorno, Musa trouxe consigo arquitetos e estudiosos árabes e entre eles Abu Es Haq es Saheli, que então construiu a mesquita Djinguereber (Timbuktu).

No auge do poder de Musa, o Império Mali continha 400 cidades. Musa também investiu nas universidades de Timbuktu, Djenée, Sankore e Ségou. Fez de Timbuktu uma das cidades mais estudiosas do mundo, formando astrólogos, historiadores, matemáticos, entre outros intelectuais. Soma-se que, na época, a Biblioteca do Império Mali continha cerca de 500 mil títulos aproximadamente. Apesar das guerras e das perdas, estima-se que desses livros, 250 mil conseguiram sobreviver até os dias atuais.

Ainda nos dias atuais, a fortuna de Mansa Musa não conseguiu ser superada. Segundo o site CelebrityNetworth.comem pesquisa feita em 2012, com as 25 maiores fortunas de todos os tempos, Mansa Musa acumulou 400 bilhões do que hoje seriam dólares, o que é duas vezes mais do que a fortuna de Bill Gates, o único vivo da então lista.

Portanto, não acreditem nos heróis. Para justificar a escravidão, foram capazes de dizer que africanos não tinham capacidade cívica e intelectual e, por isso, era completamente justificável a escravidão. Temos provas do contrário e podemos comprovar.

REFERÊNCIAS:

GELEDÉS. Manso Musa I rei africano do século 14 foi homem mais rico da história. Disponível em: < http://arquivo.geledes.org.br/acontecendo/noticias-mundo/africa/15892-manso-musa-i-rei-africano-do-seculo-14-foi-homem-mais-rico-da-historia >
ISTOÉ. O Incrível resgate das bibliotecas do Mali. Disponível em: <
http://istoe.com.br/281513_O+INCRIVEL+RESGATE+DAS+BIBLIOTECAS+DO+MALI/ >
Mansa Musa. Disponível em: <
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mansa_Musa >
NASCIMENTO, Elisa Larkin. O legado africano. In: SOUSA JÚNIOR, Vilson Caetano de (org.). Nossas raízes africanas. São Paulo: s.n., 2004.

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