PROCURAM-SE AMIGOS
A difícil arte de fazer amigos na vida adulta
Sábado à noite. Eles se entreolham. Chegou aquele momento crítico: quem vão chamar pra sair? A que casal recorrer? Coisa de gente adulta, riem.
_ É sério, vamos focar. Começando pelos teus amigos. Quem tá online?
_ O que exatamente estamos procurando aqui, casais, né?
_ Sim. Um casal sair com um solteiro a tira colo é estranho.
_ Ok. Tem o Humberto e a Lilian, mas ela é muito piranha.
_ É. Tem a Sônia e o Abel…
_ Não, eles acabaram de se separar. Tu não viu?
_ Eita. E o irmão dela, não?
_ Não: crianção, ainda mora com os pais, não paga as próprias contas. Sem chance.
_ Cristina e Danilo…?
_ Bebê de 3 meses. Tu quer falar de textura e quantidade de cocô a noite toda?
_ Glaucia e Cícero…?
_ Sério isso? Eles nem moram mais no Brasil faz uns 3 anos…
…
E é assim todo sábado à noite.
Os amigos da escola não possuem muitas afinidades ou interesses em comum. Família nem pensar (a ideia é se divertir!). A faculdade já acabou faz anos, o emprego é o mesmo há quase uma década. A verdade é que não há amigos novos entrando (nem saindo) das suas vidas (se tivesse alguém saindo pelo menos justificaria uma festa tipo “bota fora”). E o sentimento é de que já foi dito tudo o que havia pra dizer à maioria dos que restaram. Quase todas as conversas são reprises.
Os amigos se dividem entre A) Eternos Solteiros, B) Pessoas que já estão casadas há tanto tempo que já perderam a alegria de viver, C) Gente que se apaixona e desapaixona tão rápido que nem chega a ser viável conhecer o novo companheiro/companheira (é só pra se apegar e depois ouvir “pois é, terminamos” ou cometer a gafe de trocar o nome da criatura) e, claro, D) Casais tão novos e apaixonados que nem conseguem ainda interagir com outros casais, porque estão voluntariamente presos em um casulo de Pizza, Netflix e “Sexo das primeiras vezes”.
A vontade que têm é de recorrer aos classificados, mas “casal procura casal de amigos para se divertirem” vai parecer convite pra Swing. Né? Ou não…?
…
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