Meu anti-herói

Ligiane de Macedo
Plano Sequência
Published in
1 min readOct 7, 2019

Dos quadrinhos a um personagem ordinariamente humano

Dizem que as pessoas se unem em prol do mesmo ódio e da mesma tragédia. Elas dão as mãos e apedrejam em sincronia o mesmo inimigo, dividem o pão na mesa do café. E assim nasce a empatia.

Esse é o ingrediente nada secreto de Joker, e que foi escancarado pela exteriorização dos sentimentos de Arthur Fleck. O tempero especial do filme de Todd Phillips é inquietante, metafórico, sentimentalmente invasivo e estonteante.

Público e filme entram em sintonia quando o silêncio, que toma as cenas ausentes de trilha sonora, transborda pela sala de cinema e ambienta o êxtase dos expectadores em seus preocupantes pensamentos de identificação.

O antagonismo de Arthur conquista sob perspectivas pessimistas, cativantes e que, audaciosamente, despertam a empatia, o entendimento, as ideias semelhantes, a piedade e tão logo dá todas as inescrupulosas soluções práticas.

Joker é profundamente obsceno e nada sexual. Ele perigosamente desnuda as misérias humanas com um roteiro tecnicamente simples, com pouco didatismo e preenchido pela brilhante performance de Joaquin Phoenix que, com triunfo, deixou a sua peculiar marca na história do personagem.

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