Terror Revolucionário

A inquietação psicológica vale muito mais do que o susto

Ligiane de Macedo
Plano Sequência
2 min readJan 9, 2020

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Dois homens em extremo isolamento e à flor da pele. Não há erro quando a ideia é estimular a perturbação psicológica.
Desde os clássicos de Ingmar Bergman e Hitchcock, a mente humana é sempre uma fonte promissora nas mãos daqueles que combinam arte e insanidade.

Diferente da repulsa por sangue ou pelo horror do que é feio aos olhos de quem vê, o terror psicológico promove a confusão proposital, sem intenção de que se entenda completamente o seu roteiro envolvido por muitas camadas. E esse fator pode ser uma via de mão dupla no quesito aceitação. Ao passo em que a desordem da história evoca com sucesso a insanidade intencionada, ela favorece a aversão do público que ganha um grande ponto de interrogação sobre suas cabeças.

O desejo carnal figura o sujeito em seu máximo de sobrevivência

O Farol de Robert Eggers é esteticamente muito próximo das obras de David Lynch ou de Ingmar Bergman. É envolto por simbologias, metáforas e significados implícitos que necessitam de um esforço profundo para a compreensão. A tensão sexual constante somada ao contínuo suspense originam a voluptuosa naturalidade humana resultante do desejo sexual combinado à loucura.

O delírio é arquitetado, sob os olhos leigos, pela incoerência na sequência da montagem das cenas e pela não explicação do caminho percorrido pelos personagens para que eles chegassem a determinada situação.

Não existe medo. O Farol desperta a estranheza com ares de fetiche. É erótico sem ser explícito por completo.

A filmagem com lentes Baltar, e o jogo de sombras concentram as atenções para o clima desconfortante e propicia a sensação de enclausuramento e o mergulho profundo no que podem ser consideradas construções fantasiosas do imaginário dos personagens.

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