Desta vez as pesquisas acertaram! Joe Biden ganhou a eleição presidencial de 2020

Democrata bateu recorde histórico com mais de 70 milhões de votos

Carol Siqueira
Plantão Interativo de Notícias
7 min readNov 7, 2020

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Joe Biden conversa com seus apoiadores no dia 04/11/20, em Wilmington, Delaware. (AP Photo/Paul Sancya)

Os resultados da eleição estadunidense de 2020 finalmente foram divulgados e Joe Biden foi eleito com 279 delegados no colégio eleitoral. Biden, ex-vice-presidente de Obama, ascende ao poder trazendo esperanças à esquerda, que estava passando por maus bocados com a última gestão.

Daqui até 2025, o democrata e sua vice Kamala Harris liderarão a maior potência mundial e terão que lidar com as questões que a assolam. As pautas raciais, a questão da saúde pública e a retomada da economia pós-pandemia serão os principais desafios da dupla. Biden também prometeu uma remodelação no sistema energético no país, com um plano que custará cerca de US$ 2 trilhões de dólares para geração de energia limpa.

A provável modificação da Suprema Corte também pode entrar no hall de ações dos democratas eleitos, já que, depois da nomeação de Amy Coney Barret para o cargo deixado por Ruth Bader Ginsgurg, há agora uma maioria republicana/conservadora no órgão.

Biden iniciou cedo sua carreira política: aos 29 anos, foi eleito senador de Delaware e lá permaneceu por seis mandatos consecutivos, até se tornar vice-presidente de Barack Obama. Ocupou esta função até 2016 e depois que Donald Trump foi eleito, decidiu que se tornaria o 46º presidente dos Estados Unidos em 2021, e assim o fez.

Destaques da corrida eleitoral entre os candidatos:

Contexto:

Antes de darmos início aos highlights da eleição de 2020, precisamos relembrar. todo o cenário que os Estados Unidos e o mundo passaram neste ano conturbado:

  • Pandemia do coronavírus: O COVID-19, vírus descoberto ano passado na China, se alastrou pelo mundo em poucos meses, ganhando maior destaque em março, quando a OMS reconheceu que a doença já não era mais uma epidemia chinesa, mas agora uma pandemia mundial. Várias medidas de segurança foram instauradas em nível mundial, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social. Todas elas prevendo um menor grau de infecção.
Pessoas sentadas, respeitando o distanciamento social, esperando para serem testadas para o COVID-19 em Kuwait. (ASAD/XINHUA/NEWSCOM)

A doença vitimou, até agora, mais de 1 milhão de pessoas. Os Estados Unidos é o país que lidera o grau de infectados e de mortes. A Europa passa agora pela 2° onda do coronavírus.

  • Movimentos antirracistas: Em março deste ano, um vídeo registrando uma violência policial viralizou nas mídias sociais. Na filmagem, George Floyd, um homem negro de 46 anos, é assassinado por agentes de segurança de Minneapolis, EUA. Um policial é visto ajoelhado no pescoço de Floyd, o asfixiando, enquanto a vítima diz repetidamente “I can’t breath” (Eu não consigo respirar), até ficar inconsciente.
Ativista com uma bandeira do movimento “Black Lives Matter” em Rochester, NY. (MARANIE R. STAAB / AFP)

Diversos outros casos de violência policial contra a comunidade negra inflamaram o movimento “Black Lives Matter” (Vidas Pretas Importam). Os protestos se deram em várias cidades dos EUA, o que deu maior destaque para a questão racial no país e no mundo.

  • Interferência internacional: Em agosto, rumores que países com Rússia, China e Irã estariam interferindo na eleição estadunidense de 2020 começaram a circular. Mais tarde, o FBI emitiu o mesmo alerta.

Primárias: Desde o início do ano, sabíamos que o candidato republicano que concorreria à presidência seria Donald Trump, buscando uma reeleição. A incógnita estava na escolha do partido democrata, que passou por primárias acirradas. Concorrendo com Bernie Sanders e Kamala Harris, Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, venceu a eleição partidária e foi nomeado oficialmente como candidato na DNC em agosto.

A escolha da candidata à vice-presidência da chapa democrata também trouxe suspense aos envolvidos. Joe Biden havia declarado que seria uma mulher, mas não tínhamos certeza de quem seria a escolhida. Diversos nomes foram cogitados, mas Kamala Harris, que teve um debate acalorado nas primárias com Biden, levou a nomeação como candidata à vice.

Senadora Kamala Harris na DNC de 2020. (Kevin Lamarque/Reuters)

Polêmicas.

Farpas foram trocadas nas redes sociais de ambos os lados, aquecendo o clima que antecedia o tão esperado 03/11/2020. O coronavírus foi a brecha que os democratas aproveitaram para atacar o presidente Donald Trump, que foi alvo de muitas críticas sobre sua gestão na pandemia. Desde o início da crise sanitária, o republicano minimizou os efeitos do novo vírus que se alastrava pelo país, mesmo sabendo de sua gravidade, a fim de evitar o pânico da população.

Essa declaração, dada pelo presidente ao jornalista Bob Woodward, foi um dos principais argumentos de seus adversários para instabilizar Trump. Em contrapartida, o republicano apontava, sem provas, que Joe Biden era um “esquerdista radical” que tinha acordos com a China.

Em setembro de 2020, o jornal The New York Times publicou uma matéria que acusava Donald Trump de sonegar impostos. O presidente havia declarado que pagou milhões de dólares em impostos, o que foi refutado com provas pela imprensa. A repercussão dessa publicação foi tão alta que foi levada ao primeiro debate entre os presidenciáveis. O evento de abertura foi repleto de interrupções e ofensas por ambos os lados, o que deu uma má impressão mundialmente para o debate.

A questão racial também foi levada para o evento, dado o contexto no país. Trump, ainda no início das manifestações, foi contra os protestos que geravam danos à propriedade privada. Apesar desse ser um posicionamento comum aos dois candidatos, o presidente era radical e chegou até a defender o casal que brandiu armas em uma passeata até então pacífica. A situação piora quando, durante o debate, Donald Trump se negou a repudiar os grupos supremacistas brancos, que mataram manifestantes do movimento “Black Lives Matter”.

Joe Biden foi ao contrário e demonstrou grande apoio às minorias em todas as suas aparições públicas.

No final de setembro, a juíza liberal da Suprema Corte Ruth Bader Ginsburg faleceu. A vaga deixada pela conhecida “Notorius RBG” logo foi preenchida pela indicada de Trump, Amy Coney Barret. A nova juíza tem caráter conservador, o que contribui para a maioria conservadora da Suprema Corte. A nomeação de Amy para a cadeira não foi bem recebida pelos democratas.

O segundo debate, marcado para o dia 15/10/2020 foi cancelado, pois Donald Trump testou positivo ao COVID-19. O presidente ficou internado por três dias no hospital militar Walter Reed, e depois foi liberado para voltar à Casa Branca. A comissão de debates até sugeriu que o evento fosse realizado remotamente, mas o republicano se negou. Depois de uma semana, Trump foi liberado por seus médicos para continuar sua campanha.

O último debate que aconteceu no dia 22/10/2020 foi mais ordenado do que o primeiro, visto que contou com uma nova organização e a melhor colaboração dos participantes. Uma das pautas levantadas por Trump contra Biden foi a matéria publicada pelo New York Post, que trazia supostos e-mails trocados por Hunter Biden e um executivo ucraniano, onde o europeu agradece Hunter pelo encontro que teve com seu pai (Joe Biden). A publicação do jornal trouxe a tona indícios de acusações que Donald Trump já havia tecendo contra o candidato democrata.

O presidente estadunidense acredita que Joe Biden tem envolvimento com corrupção no país ucraniano desde quando era vice-presidente de Obama.

Donald Trump foi protagonista de discursos com teor anti-democrático. O republicano em diversas ocasiões deu a entender que não faria uma transição de poder pacífica, se fosse o caso. Quando a apuração dos estados estava chegando ao fim e ele estava perdendo no colégio eleitoral, Trump decidiu fazer um discurso repleto de falácias na Casa Branca.

Em um ato histórico em respeito a verdade, grandes emissoras como ABC, CBS e NBC que exibiam o discurso cortaram a transmissão com o presidente.

Além disso, os candidatos também se envolveram em acusações de assédio e “carinho indevido”. Ano passado, o presidente Donald Trump foi acusado de mais de 26 casos de assédio sexual e 43 de comportamento inadequado, sendo relatados no livro “All the President’s Women: Donald Trump and the Making of a Predator”. Já Biden recebeu algumas acusações de mulheres que já trabalharam com ele.

Amy Lappos, ex-assistente de um congressista democrata, declarou que Joe Biden a tocou de maneira indevida em um evento eleitoral de 2009. Lappos diz que Biden pegou seu rosto com as duas mãos e esfregou seu nariz contra o dela. Já Lucy Flores, que fez campanha para se tornar vice-governadora de Nevada em 2014, diz que Joe afagou seus cabelos e deu um beijo longo na parte de trás de sua nuca, quando ela estava se preparando para um discurso.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer publicamente a todos que acompanharam a nossa cobertura da eleição presidencial estadunidense. Foram três meses de produção de conteúdo contínuos, muita pesquisa e estudo. Pedimos desculpas se erramos em algum detalhe, mas fizemos o nosso melhor para trazermos informações de qualidade para vocês! Fiquem atentos aos movimentos que o país mais poderoso do mundo dá, porque apesar de distante, as escolhas que acontecem lá, nos interfere direta ou indiretamente. Muito obrigada!

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