Eleições PIN — Metade dos candidatos para prefeito do Rio de Janeiro não citam o Carnaval em seus planos

Apenas sete dos catorze candidatos apresentam propostas para a maior festa popular do Rio de Janeiro

Rafael Bizarelo
Plantão Interativo de Notícias
5 min readOct 7, 2020

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Bloco da Favorita, em Copacabana, no ano de 2017 (Foto: Marco Antônio Teixeira / Riotur)

A maior festa popular da cidade do Rio de Janeiro foi ignorada por sete dos catorze candidatos ao cargo de prefeito. Apenas metade dos candidatos citam o Carnaval em seus planos de governo, alguns com pequenos trechos, e outros com propostas mais robustas e elaboradas.

Os candidatos Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Eduardo Paes (DEM), Fred Luz (NOVO), Glória Heloiza (PSC), Henrique Simonard (PCO) e Suêd Haidar (PMB) não citaram o Carnaval em seus planos de governo. O candidato Cyro Garcia, do PSTU, ainda não teve o seu plano divulgado.

Benedita da Silva (PT), Marcelo Crivella (Republicanos) e Paulo Messina (MDB) — (Foto: Reprodução)

Dos que citaram, alguns mantiveram pequenas menções. Aqui serão citados por ordem alfabética.

A candidata Benedita da Silva (PT) tem uma pequena citação do Carnaval em seu plano de governo. Nele, apresenta um parágrafo em que critica Marcelo Crivella e a sua “obsessão de destruir a maior de nossas festas, o Carnaval”.

O atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), também tem uma pequena citação ao Carnaval em seu plano de governo. No tópico “O Rio no caminho certo”, em que o prefeito mostra feitos de sua gestão, é citado o “recorde de foliões em 2019 (7 milhões), sendo 1,6 milhão de turistas. Em 2020 outro recorde: foram 10 milhões de foliões, sendo 2.1 milhões de turistas”. Nas páginas seguintes, não há mais alguma menção.

Paulo Messina (MDB), também não mostra muitos detalhes para a festa popular. A citação do “Projeto Rio do Carnaval e do Samba (música/artesanato/rodas de samba/moda/eventos)” é vista no tópico “Rio Cultura Local o Ano Todo”, mas o candidato não oferece mais detalhes.

Outros quatro candidatos oferecem planos mais elaborados para o Carnaval. Aqui serão citados por ordem alfabética.

Clarissa Garotinho (PROS)

Clarissa Garotinho é deputada federal pelo Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)

A candidata Clarissa Garotinho apresenta dois parágrafos no tópico “Cultura” de seu plano de governo para mostrar as suas propostas para o Carnaval do Rio de Janeiro.

De início, a deputada ressalta que o Carnaval será incentivado pela administração pública, seja em forma de desfiles no Sambódromo ou em blocos pela cidade. Em seguida, é apresentada a proposta de criação de oficinas para formar profissionais de arte que irão trabalhar na festa popular, gerando “manutenção da identidade do carnaval carioca e a formação de uma nova geração de artistas”.

Luiz Lima (PSL)

Luiz Lima é deputado federal pelo Rio de Janeiro (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Luiz Lima, do Partido Social Liberal (PSL), apresenta em seu plano de governo uma página dedicada apenas ao tópico “Turismo e Carnaval”, onde segue um roteiro de privatização e incorporação de muitas demandas das escolas de samba.

A privatização do Sambódromo e da Cidade do Samba são pontos importantes nas ideias do candidato, mas não é desta maneira que ele pode conseguir algum apoio da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

Com propostas como a volta dos ensaios técnicos, um uso integral do Sambódromo e do Terreirão do Samba, apoio financeiro às escolas e apoio aos desfiles na Intendente Magalhães, Luiz Lima atende muitas demandas das agremiações.

Martha Rocha (PDT)

Martha Rocha é deputada estadual pelo Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)

O plano de governo da deputada estadual Martha Rocha (PDT) apresenta “uma plataforma trabalhista para o Carnaval do Rio”, seguindo a relação próxima do Partido do Trabalhador com o Carnaval carioca, muito amparada pela construção do Sambódromo no governo de Leonel Brizola em 1984.

Entre as propostas da candidata podem ser vistas políticas de incentivo à atividades culturais em toda a cidade, procurando blocos em diversas partes do Rio de Janeiro, visto que há uma enorme concentração na Zona Sul. Além disso, é citada uma possível parceria com a iniciativa privada para a mobilização de eventos nas Lonas Culturais e no Terreirão do Samba.

Algumas propostas de Martha Rocha também podem agradar a Liesa, visto que a candidata também pretende atender às demandas feitas há anos pelas escolas. Com apoio financeiro às agremiações, apoio aos desfiles da Intendente Magalhães, incentivo aos desfiles mirins, maior uso do Sambódromo e a construção de uma nova Cidade do Samba para as escolas do Grupo de Acesso, a deputada tem um plano direto e com muitas propostas para o Carnaval do Rio.

Martha Rocha também propõe a aproximação das escolas de samba com a Rede Municipal de Educação. Como prevê a Lei 11.645, é obrigatório o ensino de história da África e da cultura afro-brasileira nas escolas, e o Carnaval do Rio de Janeiro é rico em tal quesito.

Renata Souza (PSOL)

Renata Souza, deputada estadual pelo Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Facebook)

A candidata Renata Souza, do Partido Socialismo e Solidariedade (PSOL), apresenta 49 proposições para o Carnaval do Rio de Janeiro. Grande parte de suas propostas se referem às festas de rua pela cidade.

O plano começa com a transferência da responsabilidade sobre o Carnaval da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro — Riotur para a Secretaria Municipal de Cultura, criando a Subsecretaria Municipal do Carnaval.

O Conselho Municipal do Carnaval de Rua seria criado para tal festividade, e trabalharia para garantir propostas como a promoção de blocos e bailes em diversas áreas da cidade e a liberdade da folia, que seria a restrição de áreas VIP.

Em relação aos desfiles, o plano de governo da candidata também ressalta diversos pontos, como a criação do Conselho Municipal do Carnaval da Avenida, propondo obras no Sambódromo, a realização de ensaio técnicos, a construção de outra Cidade do Samba, pagar diretamente as escolas de samba e impulsionar os desfiles mirins.

Ainda são citadas melhores condições de trabalho para os jornalistas e o uso das quadras de escolas de samba como equipamentos culturais dos bairro. É citada também a integração da rede de ensino “ ao universo de múltiplo saberes das agremiações”.

Um ponto de polêmica nas propostas de Renata Souza é a defesa do fim das transmissões exclusivas dos desfiles das escolas de samba. Dessa forma, os canais educativos poderiam transmitir sem pagar pelos direitos.

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