[Eleição estadunidense]Você sabia que cerca de 40 % dos eleitores estadunidenses não votam?

Carol Siqueira
Plantão Interativo de Notícias
3 min readOct 24, 2020

Entenda os motivos que justificam esse percentual, segundo o Instituto The Sanders.

Photo by Dyana Wing So on Unsplash

Os anos eleitorais estadunidenses, no geral, são mais dinâmicos que os brasileiros. A começar pela não obrigatoriedade do voto no país do Uncle Sam. Os eleitores também podem votar antecipadamente, o que ajuda a classe trabalhadora, que se vê prejudicada ao ter que votar no dia estipulado para a votação oficial, que cai em uma terça-feira. Mesmo com essas facilidades, a participação eleitoral dos Estados Unidos diminuiu nas últimas três eleições.

Em 2008, ano de estreia do democrata Barack Obama, o número de pessoas que compareceram às urnas bateu recorde com 61.1% de participação popular, o maior percentual desde 1968 na eleição de Nixon. Na reeleição de Obama, em 2012, o número decaiu para 58.6%. E em 2016, ano decisivo para Trump, contamos com 55.7%. O instituto The Sanders buscou explicar as razões para essa diminuição com um estudo aprofundado sobre o caso.

A primeira questão apresentada pelo artigo é relacionada às primárias dos partidos republicano e democrata. Como explicado no podcast de abertura da cobertura da eleição dos EUA, o país norte-americano é muito polarizado, e apesar de existirem milhares de partidos alternativos, os partidos democrata e republicano são os que apresentam seus candidatos nas cédulas eleitorais.

O ponto levantado disso é que: um grande número de americanos não pode votar para decidir quais serão os candidatos que ocuparão as duas opções finais. Isso porque em 13 estados e em DC, as primárias (eleições dentro do partido para decidirem os candidatos que irão concorrer na eleição) são fechadas, ou seja, apenas membros do partido podem votar. De acordo com o Gallup, 46% da população não se identifica com um partido político, então, consequentemente, não participam das primárias fechadas.

A população carcerária também entrou no estudo. Nos Estados Unidos, 6,1 milhões de pessoas não podem votar por estarem encarceradas. Estados como Maine e Vermont, os criminosos não perdem seus direitos de voto, mas o mesmo não ocorre em todo o país. Em outros casos, enquanto alguns estados devolvem o direito ao voto do condenado apenas quando ele é liberto, outros só dão novamente o direito quando, após a liberdade, o criminoso solicita e recebe uma ação do governador ou ação judicial permitindo-lhes votar.

Isso também se vê no Brasil. Segundo o art. 15 da Constituição Federal, a suspensão de direito ao voto se dá para a comunidade carcerária que possuem condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. Em outros casos, como de presos provisórios, o direito ao voto é mantido.

Outra problemática amplamente discutida na política e apontada no estudo é a premissa de que: nos Estados Unidos, alguns votos valem mais que outros. Em estados de maior população, existem mais delegados, o que consequentemente vale mais no colégio eleitoral. Além disso desestimular o voto da comunidade, segundo o Instituto, isso também pode levar a situações em que resultado do voto popular seja distinto do resultado do colégio eleitoral, o que inclusive já ocorreu. Na eleição de 2016, Hillary Clinton recebeu mais votos do que Donald Trump, mas perdeu no colégio eleitoral.

O Washington Post publicou uma matéria na semana passada que dá indícios de uma virada no jogo na eleição deste ano. Segundo o jornal, a contagem de votações antecipadas de 2020 atingiram 119% do total da eleição de 2016, indicando uma maior participação popular nessa eleição. O aumento de eleitores votando antecipadamente também foi provocado pela pandemia do coronavírus. Teremos a prova se os números serão superados apenas quando a apuração dos votos, prevista para ocorrer a partir do dia 3 de novembro for divulgada.

Até lá, permaneceremos ansiosos e atentos às novas nuances que surgirão.

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