O bisturi e os seus agregados

Sara Matos
plastic i arte
Published in
1 min readJan 21, 2023

A água encanastrada em canela
brechas de janelas semi abertas
del jardín de los muertos
pareolha sem freio ou juízo
embaralha volta-e-meia
bate, regressa, imemorável urge entrevías
transporta as palavras
que não se entulham
em-meio
não se sustentam
por si só.

Sei de sons que se instalam
no além-ouvir
das línguas
que babam a maciez da queda
driblam a perversidade
de seus jagunços.

A bioquímica de agregados
é tecido lírico
tecido cartilaginoso expans-ivos
contorcidos
dos quais
fabricam serventes da megalomania
abstraem o eco gelatinosamente
sólido
na orelha graciosa da ventania
a
marchar
o desmancharse
em que foi repelido pelo júri
não arquivar.

Não!

Não quero medir o que não tem medida
não quero medir a corda bamba divisiva
esta condição tão vaga do quanto o poder
tem o bolo de carne moída
a massa modeladora que é
o ser.

O
ato de engatinhar não é tão primitivo
não respinga no que certas bocas dizem
o
velho recria a história da espécime
as patas cirurgiãs modelam
um bisturi que rasga o bolo de carne
pinga em poças marcianas
territoriais distorcidas
pelo buraco da garganta que sai.

Arquivo pessoal

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