Tipos de voto e estratégia de campanha

Rodrigo Borges
Plenarium Digital

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Toda eleição apresenta o desafio da conquista para o candidato. Mas, antes de conquistar o cargo, ele precisa conquistar pessoas. E isso está diretamente relacionado com a identificação dos tipos de eleitores com os quais ele vai entrar em contato.

Na publicação “Estratégias em campanhas eleitorais”, da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) , David Meneses e Rodrigo Lugones definem 5 tipos de voto: duro, maleável, possível, difícil e impossível.

O voto duro tem origem em pessoas que confiam no candidato e gostam de sua personalidade. É difícil mudarem de opinião, pois são pessoas identificadas com as pautas, o território e o histórico do candidato. Já o maleável reúne eleitores que não estão 100% convencidos, mas têm preferência pelo candidato. É um voto que pode ser perdido se não for cultivado. O voto possível pertence àquele eleitor que ainda não foi convertido, mas tem alto potencial. Envolve pessoas identificadas com ao menos um dos itens que formam sua opinião: pautas, histórico ou território do candidato. O voto difícil é identificado em um público que não se identifica ou não se dispõe a se engajar nas pautas do candidato, seja por divergências ideológicas, resistência a suas ideias ou mesmo ao partido dele. Finalmente, o voto impossível descreve uma situação oposta à do duro: ****reúne eleitores que não se identificam com nenhum dos aspectos citados anteriormente de um candidato. Estrategicamente, o candidato deve se concentrar nos três primeiros (duro, maleável e possível) em sua campanha.

Como exemplo mais próximo de sucesso ao mirar em votos maleáveis e possíveis, estão as últimas campanhas de Donald Trump e do Brexit, ambas em 2016. Por meio de coleta de dados e ações online capitaneadas pela empresa Cambridge Analytica, afirma-se que as campanhas buscaram traçar a personalidade de eleitores de forma a identificar que tipo de voto eles representavam, buscando alterar os maleáveis e possíveis por meio de propagandas direcionadas. Como não poderia deixar de ser, questiona-se a ética desse tipo de ação — principalmente, pelo lado de quem perdeu — , na medida em que a coleta dos dados ocorreu de uma forma pouco clara aos usuários de plataformas digitais. É um dos preços da modernidade. Entretanto, analisando-se apenas a estratégia da tentativa de mudança de voto, as campanhas citadas não inventaram nada de novo: foram atrás de quem estava disposto a mudar de voto e conseguiram.

Seja por meios digitais (lícitos e claros ao usuário), seja por pesquisas de opinião ou frente à frente, entender quem pode se tornar um eleitor é estratégico para todo político. E quem conseguir converter mais votos tem mais chances de vencer.

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