Patas Dadas contra o abandono de animais

Lúcia Centeno
poadobem
Published in
5 min readJun 19, 2019
ONG Patas Dadas une cães e gatos abandonados a famílias amorosas (Foto: Divulgação)

O ditado popular afirma: os animais são os melhores amigos dos homens, mas e os homens? Fazemos valer e somos capazes de retribuir o amor verdadeiro e o afeto incondicional de nossos amigos de quatro patas?

Campanha realizada pela ONG Patas Dadas

Uma realidade de abandono

Não é mistério nem passa despercebida a enorme quantidade de animais abandonados nas ruas. Basta sair de casa para qualquer caminho de trabalho ou lazer em Porto Alegre que, inevitavelmente, você irá se deparar com um cão ou gato abandonado ou perdido que pisa inseguro à mercê da cidade grande. Alguns desses animais têm a sorte de encontrar uma família e outros, recolhidos pelas prefeituras, ficam em lares temporários. Todos os cães e gatos que permanecem na rua estão sujeitos a atropelamentos, fome, sede, frio, agressões e envenenamentos.

Mas de que números estamos falando?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 30 milhões de cães e gatos abandonados no Brasil, numa estimativa em que 20 milhões são cachorros e 10 milhões são gatos. Esse dado se refere ao ano de 2014 e, para se ter uma ideia, em 2010, o continente inteiro da Oceania tinha cerca de 36 milhões de pessoas. Ou seja, quase o mesmo contingente de animais abandonados em um cenário que tende à piora.

Nas grandes cidades do país, para cada cinco habitantes há um cachorro, e desses cachorros, 10% estão nas ruas. Na expectativa por animais de raça e compra e venda em criadores de cães e gatos, apenas 41% (21,4 milhões) dos cães domésticos foram adotados, e estima-se que 85% (18,78 milhões) dos gatos provém de adoções. Dentro desse contexto surge a iniciativa do Patas Dadas, cuja missão declarada é resgatar animais em situação de abandono e proporcionar a eles o atendimento veterinário necessário até estarem prontos para serem adotados, buscando conscientizar a população da importância da adoção responsável. Tudo pelo bem dos cães e gatos resgatados, os “peludos” da ONG.

Patas Dadas protegendo seus “peludos”

Segundo a ONG Amigos do Bem, existiam quase 500 mil animais abandonados nas ruas da região metropolitana em 2013. Em resposta a esse triste cenário de precariedade e descaso, o Patas Dadas vinha agindo desde 2009 como uma ação de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo a Organização, localizada no Campus do Vale na Avenida Paulo Gama, número 110, no bairro Farroupilha, o Patas Dadas surgiu com a ideia de evitar e combater uma série de maus tratos que aconteceram no mesmo campus em 2009. Na época mais de 10 animais abandonados no Vale foram envenenados, um foi morto a pauladas e outro jogado em um tanque de tratamento de água. Alguns estudantes se uniram para mudar essa realidade e, aos poucos, o número de voluntários foi crescendo.

Em 2011, o Patas Dadas tornou-se uma Ação de Extensão da UFRGS, sob coordenação do Professor Renato Zamora Flores. Em 2015, a coordenação da Ação foi assumida pela Professora Magali Endruweit. Em setembro de 2015, o Patas Dadas tornou-se oficialmente uma ONG, hoje composta por 50 voluntários que protegem, tratam e encaminham para adoção cães e gatos abandonados em Porto Alegre.

Ainda de acordo com o Patas Dadas, mais de 1.100 animais já foram resgatados, 950 animais adotados e 650 animais castrados. Com capacidade para 48 cães, o canil da entidade abriga hoje cerca de 60 animais. Até o início de maio de 2019, a ONG passava por problemas financeiros e acumulava uma dívida de R$ 20 mil entre resgates, manutenção do espaço físico e tratamentos veterinários. Graças ao trabalho de campanhas dentro e fora das redes sociais, eventos e doações, a ONG arrecadou mais de R$ 30 mil neste ano e conseguiu colocar suas contas em dia.

Como pode ser acompanhado pelo Facebook e Instagram da Organização, o Patas Dadas trabalha há 10 anos para manter seus resgatados, realizando eventos de adoção e vendendo produtos. A ONG procura realizar com dignidade os objetivo que compartilha em suas redes junto às fotos e dados dos animais que aguardam um lar.

Como dar as patas?

Além de suas outras redes sociais, o site do Patas Dadas compartilha notícias e sana dúvidas sobre os animais adotáveis e as muitas maneiras de contribuir com o projeto. Com a Campanha de Apadrinhamento, o doador pode escolher um dos cães e ajudar no custo de sua alimentação, vacinação ou castração.

Os valores do apadrinhamento de ração variam entre 30 e 70 reais a depender do peso do animal. O padrinho de vacinas assume o compromisso anual de arcar com as doses contra poliomielite e vacina antirrábica, e o padrinho de castração contribui com um valor entre 95 e 325 reais, de acordo com os dados do site.

Para adotar, os tutores devem entrar em contato pelo email adoção@patasdadas.com.br e falar com um dos voluntários do projeto que visa sempre à segurança e saúde dos “peludos”

Patas Dadas propõe a adoção responsável de cães e gatos (Foto: Divulgação)

Por amor aos “peludos”

Assim, a iniciativa do Patas Dadas procura unir animais e famílias dispostas a dar a eles amor, carinho, segurança e qualidade de vida. Isso porque, além da vida dura a qual os animais são submetidos nas ruas, o abandono também representa um problema de saúde pública devido a questões de higiene e transmissão de doenças. Desse modo, o abandono precisa acabar, a adoção deve ser promovida e a castração deve ser incentivada por nós pelo bem de nossos amigos de quatro patas.

Grupo: Jennifer Casagrande, Lúcia Centeno, Matheus Gomes, Lígia Oliveira e Paulo Nemitz

--

--

Lúcia Centeno
poadobem

Escritora de gaveta e desenhista de verso de caderno proseando jornalismo e literatura. Insta: @luciah.centeno