RECICLANDO OPORTUNIDADES

Jennifer Casagrande
poadobem
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5 min readJun 17, 2019

A independência financeira por meio da separação do lixo

Fonte: essametamorfose.blogspot.com

O Centro de Triagem da Vila Pinto (CTVP) é o principal segmento do Centro de Educação Ambiental (CEA). A Vila Pinto está localizada no Bairro Bom Jesus, zona Leste de Porto Alegre. Junto com ela a Vila Mato Sampaio e Vila de Fátima, integram a região da “Grande Mato Sampaio”, lugar conhecido como um dos bolsões de miséria da cidade da cidade.

Marli Medeiros CEA

O Centro de Educação Ambiental (CEA) é uma Organização Não Governamental fundada em 1996 com a iniciativa de um grupo de mulheres da comunidade de Vila Pinto, com o objetivo de combater a condição de pobreza e violência e buscar independência financeira e qualidade de vida. Para garantir os seus direitos e da comunidade e a preservação do meio ambiente elas montaram um galpão de reciclagem.

Marli Medeiros — A Fundadora

Fonte: CEA

Nasceu em 30 de junho de 1952, na cidade de Alegrete, região da “Campanha”, no interior do Rio Grande do Sul. Mudou-se para Porto Alegre em 1976 em busca de melhores condições de vida para sua família. Casou-se e teve 4 filhas naturais e um filho adotivo, na chegada à capital gaúcha, trabalhou de doméstica, bancária, auxiliar administrativo e gerente de uma loja conceituada no comércio de Porto Alegre, onde destacou-se por seu espírito empreendedor. Morando no prédio onde o pai de suas filhas era zelador Marli conheceu a Vila Pinto e neste local “acomodou” seus familiares vindos do interior. Frequentando a Vila aos fins de semana já se envolvia nos problemas apontados pela família e em 1990, fugindo da violência doméstica que sofria, Marli mudou-se definitivamente para a Vila Pinto. Na nova realidade decidiu dedicar-se exclusivamente a trabalhos comunitários e, não se conformou em ter que se adaptar às regras impostas pelos traficantes do local. Em 1992 organizou um grupo de moradoras e fundou o Clube da Mulher. Em 1993 formou-se Promotora Legal Popular num curso que tinha por objetivo capacitar mulheres, líderes comunitárias, para a promoção e defesa dos Direitos da Mulher. Foi com este conhecimento que Marli iniciou sua caminhada para despertar e mobilizar as mulheres sobre a importância da criação de um espaço de geração de trabalho e renda que lhes permitisse a libertação moral, psicológica e financeira à que estavam submetidas. Em 1996 nascia então o Centro de Educação Ambiental, ONG que administra dois associados operacionais. Após 22 anos se dedicando aos trabalhos comunitários ela veio a falecer no dia 07 de junho de 2018.

A VILA

A Vila Pinto tem população de 11.000 pessoas.

Estima-se que 70% das famílias residentes na Vila Pinto vivem em situação de risco social e, garantem minimamente seu sustento através da venda de material reciclável, cuja prática por falta de alternativas, é desenvolvida também por crianças e adolescentes. A sua comunidade apresenta as

seguintes características:

  • Alto índice de drogadição.
  • Maior número de portadores do vírus HIV relativo à população total.
  • Vem apresentando um crescimento acelerado da prostituição infantil.
  • Média de renda familiar de um salário mínimo.
  • Nível de escolaridade médio é o Ensino Fundamental Incompleto.

Dados sobre o projeto

  • Associados:
    45, maioria mulheres
  • Ganho mensal:
    1 salário mínimo
  • Material/mês:
    130 toneladas
  • Carga horária diária:
    8 horas
FONTE: CEA

Segundo o DMLU DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE LIMPEZA Urbana, dentro do Gerenciamento Integrado, destaca-se a coleta seletiva dos resíduos sólidos reaproveitáveis ou recicláveis (lixo seco). Esses resíduos separados pela população geram emprego e renda para trabalhadores formalmente organizados em associações e/ou cooperativas, além de auxiliar na preservação do meio ambiente.

Os caminhões coletam os resíduos recicláveis em 100% das ruas que comportam a entrada de caminhões e os encaminham para as unidades de triagem (UT). Nesses locais, os trabalhadores fazem a separação (plásticos, papel, embalagens longa vida, vidro, isopor, garrafas plásticas), prensam, agrupam em fardos e negociam autonomamente a venda desses materiais para a indústria de reciclagem e/ou reaproveitamento.

Fonte: Recicla POA

A Prefeitura de Porto Alegre fornece toda a infraestrutura para as UT conveniadas e garante o custeio de manutenção com cerca de R$ R$ 5.200,00 por mês. O resultado da comercialização dos resíduos é dividido entre os integrantes das associações ou cooperativas que gerem cada UT.

Ao total são 17 são unidade de triagem.

De acordo com o IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem: O estudo A Organização Coletiva de Catadores de Material Reciclável no Brasil: dilemas e potencialidades sob a ótica da economia solidária, do técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Sandro Pereira Silva, apresenta estimativas recentes que apontam para uma geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil em torno de 160 mil toneladas diárias — 30% a 40% desse montante são considerados passíveis de reaproveitamento e reciclagem. Com um setor ainda pouco explorado no país, apenas 13% desses resíduos são encaminhados para a reciclagem.

Fonte: CICLOSPFT

Segundo ABRELPE — Associação Brasileira Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, os brasileiros estão gerando mais resíduos, mais municípios enviam lixo para lixões, e a coleta seletiva não avança. São dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil.

Em 2016, segundo o estudo, em 1.692 cidades não havia nem sequer uma iniciativa nessa área. Em 2017, esse número caiu para 1.647. Mas, na região Centro-Oeste, por exemplo, a maior parte das cidades (55,2%) não tem nenhum tipo de seletiva.

Fonte: CICLOSPFT
Fonte: CICLOSPFT

Grupo: Jennifer Casagrande, Lúcia Centeno, Matheus Gomes, Lígia Oliveira e Paulo Nemitz

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