“Estávamos cansados de trabalhar para chefes exploradores”
Cooperativa de cineastas britânicos adota temas progressistas e busca valorização do trabalho
Com Fernando Campos.
Nome da iniciativa: Blake House Cooperative
Por que é inovadora/por que devemos prestar atenção nessa iniciativa: É uma cooperativa de produtores de filme e artistas visuais que aposta na produção de curtas para contar histórias de comunidades, organizações e movimentos sociais.
Número de membros: Dois em tempo integral e diversos freelancers
Diferenciais no conteúdo: Produção de mini documentários e animações acerca de assuntos com pouca visibilidade na mídia tradicional.
Como se sustenta economicamente: Recebem por cada trabalho realizado para diferentes clientes.
Como é a interação com os leitores/usuários: Através de Facebook, Twitter, Vimeo, e-mail e telefone.
Como pode inspirar iniciativas brasileiras: A enorme diversidade da população brasileira possibilitaria abordagens únicas para as mais diferentes histórias.
A Blake House é uma cooperativa britânica de cineastas e artistas visuais, focada em conteúdos de caráter progressista. Porém, se o lado político da iniciativa poderia ser um limitador, visto que não atinge todos os públicos, os responsáveis pelo projeto veem a cooperativa como um meio de todos os trabalhadores levantarem a voz contra abusos e más condições de trabalho. Além disso, atualmente, o projeto cria materiais audiovisuais para campanhas políticas no Reino Unido, evidenciando os voos mais altos que pretendem alçar. Na entrevista abaixo, o diretor da Blake House, Simon Ball, conta sobre o futuro do projeto e outros assuntos.
Pochete Jornalismo: O que é a Blake House e como começou?
Simon Ball: Blake House é uma cooperativa de trabalhadores que faz vídeos para organizações e causas progressistas. Trabalhamos principalmente para campanhas políticas e de caridade. Começamos a cooperativa porque estávamos cansados de trabalhar para chefes exploradores, segurança no trabalho precária e clientes que não reconhecem o valor do trabalho, pelo qual a indústria cinematográfica tradicional é notória. Queríamos usar nossas habilidades para algo significativo, com impacto, sem chefes.
Pochete: Visitei a página do Vimeo e verifiquei que o foco da cooperativa são comunidades, organizações e movimentos sociais. De onde veio essa ideia?
Simon: Ficamos desiludidos trabalhando para clientes corporativos em empregos anteriores. Pensamos que deveria haver uma maneira de usar nossas habilidades para ajudar a ampliar algumas das correntes sociais inspiradoras de nosso tempo, em vez de simplesmente vender produtos eticamente duvidosos ou apartamentos de luxo que beneficiam apenas os super-ricos.
Pochete: Quantas pessoas trabalham na cooperativa?
Simon: Temos dois membros em período integral e vários freelancers que trabalham de um projeto para o outro (por exemplo, operadores de câmeras especializados, mixadores de som, graduadores de cores etc.). Também contratamos funcionários por períodos mais longos.
Pochete: Economicamente falando, como a cooperativa se mantém?
Simon: Oferecemos serviços profissionais, por isso cobramos de nossos clientes nosso tempo e experiência. Foi uma longa jornada conseguir gerar um superávit, mas, no futuro próximo, seremos um negócio lucrativo.
Pochete: Como é o relacionamento com o público? É possível sugerir diretrizes e ter algum tipo de participação nos projetos?
Simon: Como todos os nossos projetos são comissionados, isso depende inteiramente do resumo. Nossa ética como cooperativa é tratar as pessoas com respeito, ter consciência do consentimento e representar as pessoas de maneira positiva e valorizando a vida.
Pochete: Você disse que todos estão muito ocupados com as eleições no Reino Unido. Você pode falar um pouco sobre como vocês estão cobrindo este evento?
Simon: Estamos produzindo conteúdo para várias campanhas diferentes durante a eleição.
Pochete: Onde a Cooperativa Blake House se vê dentro de 10 anos?
Simon: Gostaríamos de crescer em uma equipe de alto desempenho, com cerca de 10 pessoas, trabalhando para promover uma série de campanhas emocionantes, causando impacto e participando da conquista da sociedade da qual queremos fazer parte.